O estudo das plantas é, por natureza, um estudo interdisciplinar que envolve áreas como a química, farmácia, biologia, agronomia, entre outras. O primeiro passo, muitas vezes, é o conhecimento popular, mas a pesquisa começa com a identificação da planta. O processo é essencial para o desenvolvimento dos trabalhos e pode ser relevante, também, para o desenvolvimento de novos produtos, como, por exemplo, na área farmacêutica e no campo da agricultura. Esse é o objetivo do projeto de pesquisa “Estudo químico e atividade biológica de plantas nativas e adaptadas do RS”, coordenado pelo professor doutor Eduardo Miranda Ethur, vinculado aos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) e em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.
A principal atividade do projeto é o estudo de plantas nativas e endêmicas do Rio Grande do Sul, que podem ser interessantes sob o ponto de vista químico e biológico, abrangendo o estudo dos componentes da planta, a farmacologia e a toxicidade. A identificação das plantas acontece em parceria com a professora doutora Elisete Maria de Freitas, nas regiões dos biomas Pampa, com coleta em municípios como Manoel Viana, Alegrete e São Francisco de Assis, e Mata Atlântica, com coleta em municípios da região do Vale do Taquari.
Durante o processo, são feitos três tipos principais de extratos das plantas coletadas: óleo essencial, aquoso e etanólico. Conforme o professor Ethur, as plantas são compostas por diversas classes de metabólitos secundários e, dessa forma, a planta é estudada em relação aos principais grupos fitoquímicos presentes nesses vegetais e suas potencialidades. “A atividade biológica diz respeito ao estudo farmacológico e toxicológico da planta, seus extratos e frações. Em geral trabalhamos com a atividade bactericida e fungicida, mas outros trabalhos envolvem a ação acaricida desses extratos em ensaios específicos”, explica.
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Entre as plantas estudadas, já foram verificados alguns agentes contra bactérias cariogênicas (que causam cárie), diarreicas (que causam diarreia) e também aquelas que causam infecções alimentares, como é o caso da Salmonela sp. e da Listeria monocytogenes, sendo esta considerada uma bactéria muito perigosa, capaz de provocar inclusive abortos. Outra ação importante foi detectada contra o desenvolvimento da doença leishmaniose.
“Algumas plantas são conhecidas e outras não contam com quase nenhuma descrição. Entre elas estão plantas que produzem frutos e são comestíveis, mas ainda não possuem muitas informações sobre o aspecto químico ou biológico”, ressalta o professor Ethur. Estão sendo estudadas em torno de 20 plantas, sendo seis delas específicas do bioma Pampa, de quatro espécies diferentes, com pouca descrição científica.
Além do potencial farmacológico das plantas, Ethur explica que alguns óleos essenciais apresentaram atividade acaricida em testes de fumigação, apresentando bons resultados contra ácaros fitófagos. Esse último trabalho ocorre em parceria com o grupo de pesquisa do professor doutor Noeli Juarez Ferla, voltado para a área da agricultura. “Nosso estudo envolve um trabalho integrado e realizado por meio de parcerias entre pesquisadores. Depois dos testes, os extratos serão fracionados e podemos até mesmo isolar uma substância pura, que pode gerar um produto, empregado tanto na área farmacológica quanto na agroquímica”, completa Ethur.
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Detalhes sobre o Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia podem ser conferidos pelo site www.univates.br/ppgbiotec ou pelo e-mail ppgbiotec@univates.br.
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