No período de frio intenso que atinge o Vale do Rio Pardo, é comum a queixa de muitas pessoas a respeito dos pés e mãos muito gelados. Apesar de comum no inverno, esse sintoma pode ser um sinal de alerta para problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares.
Na maioria das vezes, a sensação de frio nas mãos e pés é comum e não significa problemas. É uma resposta normal do corpo às baixas temperaturas, principalmente em pessoas com menor massa muscular, como crianças e idosos. Quando a temperatura corporal diminui, ocorre um estreitamento das artérias e o organismo reduz o fluxo sanguíneo das extremidades do corpo para aquecer os órgãos internos. Isso leva ao esfriamento e à palidez dos membros.
No entanto, existem algumas doenças que estão relacionadas ao resfriamento exagerado das mãos e pés. Conforme a cardiologista e especialista em ecocardiografia Leonora Scherer, algumas cardiopatias têm esse sintoma. “Na insuficiência cardíaca, por exemplo, a força do coração está diminuída e a circulação sanguínea fica mais lenta, chegando com mais dificuldade nas extremidades, deixando-as mais frias. Já na aterosclerose, existe formação de placas de gordura nas artérias, o que provoca seu entupimento e uma dificuldade do sangue circular adequadamente”, explica.
Publicidade
A aterosclerose acontece principalmente em pessoas com diabetes, hipertensão arterial, obesidade, problemas de colesterol, fumantes ou com tendência familiar. Casos graves podem levar à necessidade de cirurgia para desobstrução da artéria ou até mesmo à amputação. “Em recém-nascidos, algumas malformações cardíacas podem fazer com que as extremidades fiquem muito frias e até de cor azulada, principalmente os dedinhos das mãos e dos pés, e a boca, indicando a necessidade de atendimento médico urgente”, conta a médica.
Uma das formas de diferenciar o resfriamento natural do patológico é observar se ele acontece mesmo em dias quentes. Além disso, é preciso ficar alerta ao frio excessivo nas mãos e pés que não melhora ao se aquecer. Outros sintomas incluem falta de ar, cansaço excessivo, formigamentos ou falta de sensibilidade nas mãos e pés, inchaço nas pernas, dor nas pernas ao caminhar (que melhora quando para a caminhada) e mudança de coloração dos dedos, que ficam azulados. Esses casos indicam problemas, e uma avaliação médica é essencial.
LEIA TAMBÉM: Hospital Santa Cruz busca recursos para cardiologia e UTI
Publicidade
Cuidados são necessários
Segundo a cardiologista, independentemente de o resfriamento excessivo ser natural ou patológico, é importante manter as mãos e pés aquecidos com luvas e meias, principalmente nos dias frios. “Agasalhar-se de forma adequada ajuda a fazer com que o sangue seja melhor distribuído para todo o corpo. A atividade física regular também contribui para a diminuição do sintoma. Os exercícios fortalecem as artérias e melhoram a oxigenação do sangue, além de aumentar a massa muscular e regular melhor a temperatura corporal.”
Quanto à alimentação, o ideal é diminuir a ingestão de açúcares e gorduras, e aumentar o consumo de vegetais e legumes frescos, além de proteína e água, que possuem um papel fundamental na regulação térmica. A médica indica também parar de fumar, controlar as doenças crônicas, como a diabetes, o hipotireoidismo e a hipertensão, e fazer exames de rotina para detectar.
As pessoas que têm mais sensibilidade ao frio devem evitar sair mal agasalhadas durante o inverno. “Usar luvas, meias, gorros, mantas, tentar cobrir bem as extremidades, vai ajudar a evitar o estreitamento natural das artérias que ocorre em resposta ao frio e que diminui a circulação do sangue”, orienta Leonora. Sair à rua em dias frios sem se alimentar também aumenta a sensação de resfriamento do corpo.
Publicidade
Por fim, a cardiologista indica manter um estilo de vida saudável em todas as épocas do ano.
As doenças
Ter pés e mãos excessivamente frios, mesmo quando as temperaturas não estão baixas, é sintoma associado a vários problemas e condições, de acordo com a cardiologista Leonora Scherer. Confira:
Fenômeno de Raynaud: é uma doença reumatológica que acomete principalmente as mulheres, na qual há uma hipersensibilidade da circulação sanguínea ao frio.
Hipotireoidismo: quando a glândula tireoide não produz hormônios suficientes, ocorre uma alteração no metabolismo que leva à diminuição da temperatura corporal.
Anemia: a redução das células vermelhas do sangue pode levar a dificuldades de circulação para as mãos e pés e ao seu resfriamento.
Diabetes: pode ocasionar lesões nas pequenas artérias das mãos e dos pés, que prejudicam a circulação e se apresentam como mãos e pés gelados.
Tabagismo: também leva a lesões das artérias das extremidades.
Ansiedade: uma crise de ansiedade ocasiona liberação de adrenalina na circulação e, com isso, estreitamento das artérias periféricas e resfriamento das extremidades.
Doenças cardiovasculares: algumas doenças do coração e das artérias prejudicam a circulação do sangue e também provocam resfriamento das extremidades.
Publicidade
LEIA MAIS: Mãos e pés gelados podem ser sinais de alerta corporal
This website uses cookies.