A véspera de Natal não saiu como planejado para um casal santa-cruzense, que prefere não ser identificado. A casa no Bairro Jardim Europa, para onde marido e mulher haviam se mudado há cinco meses, recebeu uma visita indesejada. Enquanto os dois participavam da ceia na casa de familiares, por volta das 22 horas, ladrões tentaram invadir a residência. Os moradores foram alertados pelo alarme. O arrombamento não foi o primeiro registrado na nova residência: exatamente um mês antes, o local já havia sido alvo de criminosos. E não foi o único caso. Os números de furtos em moradias tendem a crescer nesta época do ano, quando as famílias costumam viajar.
O casal foi vítima de ladrões pela primeira vez no dia 24 de novembro. Diferente do Natal, o crime foi cometido durante a tarde, quando os dois estavam trabalhando. Os invasores pegaram uma viga, que havia sobrado da época que a casa ainda estava em construção, para danificar janelas. Após tentativas frustradas de entrar na moradia, eles conseguiram arrombar a porta de trás e furtaram televisões, notebook, relógios e roupas, somente masculinas. Para levar os objetos, pegaram uma mochila do casal. “Eles chegaram a colocar uma escada para disfarçar e fingir que estavam trabalhando, caso alguém os visse”, conta a mulher.
Depois desse fato, os proprietários resolveram instalar um alarme. No entanto, isso não impediu que a residência continuasse na mira dos criminosos. E mais um arrombamento aconteceu, desta vez no mês de dezembro. “Eles danificaram uma porta, mas o alarme disparou e eles fugiram”, conta. “Tu fica impotente. Se sente preso. Deixa de viajar e fica com medo de sair de casa.”
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Outras residências nos arredores também foram alvo de criminosos. Casos recorrentes na vizinhança já motivaram até a realização de reuniões dos moradores. “Tem gente que está contratando segurança privada, com medo.” O casal calcula que, com os dois arrombamentos, teve um prejuízo de R$ 13 mil, somando-se o valor dos objetos levados e a despesa para consertar portas e janelas danificadas. “O Ano-Novo, a gente comemorou aqui. Estragou para nós.”
Perfil dos criminosos
Segundo a delegada Ana Luísa Aita Pippi, da 1a DP, não existe apenas um perfil de ladrão que comete arrombamentos. Ao mesmo tempo que é o tipo de crime praticado por usuários de drogas, há também quadrilhas especializadas em ações como essas. Os viciados em entorpecentes costumam furtar para trocar por drogas, geralmente crack. “Esse tipo de criminoso atua o ano inteiro. Ele não vai parar, porque precisa da droga enquanto não receber um tratamento digno para deixar o vício.”
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Há ainda os grupos criminosos, que nem sempre são da cidade onde atuam. “As quadrilhas vêm ao município para realizar furtos no comércio e em casas. Em geral, atuam em condomínios abertos. Como muitos destes são de fácil acesso às rodovias, os ladrões agem e vão embora”, explica. Já os grupos que são do município muitas vezes recebem informações de pessoas que já estiveram na casa visada. “Tem vários tipos de criminosos. É um leque de suspeitos. Depende do fato. Quanto mais provas tivermos, melhor. Uma testemunha que veja, uma câmera que registra, já ajuda a polícia.”
“O furto existe porque tem o receptador”, afirma delegada
As televisões, notebooks e itens eletrônicos estão entre os objetos preferidos dos ladrões. A facilidade em encontrar quem compre essas mercadorias deixa-as na mira dos criminosos. “É fácil trocar uma televisão, por exemplo. O furto existe porque tem o receptador”, explica a delegada. Segundo ela, é justamente esse repasse que dificulta o trabalho da polícia na hora de recuperar os produtos furtados.
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“Os bens são trocados em bocas de fumo. Depois, os traficantes passam adiante. São os maiores receptadores.” Além dos eletrônicos, as joias também estão entre as preferências dos ladrões. Segundo ela, há receptadores específicos para este tipo de mercadoria em Santa Cruz.
A delegada ressalta que é preciso desconfiar quando se vê objetos sendo vendidos a preços muito abaixo do mercado em grupos de vendas nas redes sociais. “As pessoas pagam R$ 100 por uma televisão, R$ 200 por um notebook, R$ 50 por um tablet. É um preço irrisório, mas é a forma que o traficante tem de fazer dinheiro e se desfazer dos objetos furtados.”
Ela orienta as pessoas a ter cautela quando perceberem itens sendo oferecidos em grupos nas redes sociais. “Se a polícia rastrear e chegar na casa, a pessoa pode responder por receptação. Para evitar problemas futuros, a gente orienta que tenha o maior cuidado possível. Se não tiver nota, não compre.”
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CUIDADOS
Vai viajar? Melhor tomar alguns cuidados para não ser surpreendido ao retornar das férias. Veja dicas da delegada.
Índices
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Ainda que os arrombamentos aconteçam o ano todo em Santa Cruz, costuma haver aumento no fim do ano. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em dezembro, houve registro de 54 casos desse tipo Já a empresa de segurança Cindapa registrou aumento de 30% na procura pelo serviço.
Os sistemas de alarmes e circuito interno de TV são os mais procurados. Os casos de assaltos à mão armada e arrombamentos nos quais a empresa foi acionada naquele mês também aumentaram 30%.
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