Uma perícia do IGP comprovou que dois homens, numa tentativa de furto em um supermercado da região metropolitana de Porto Alegre, foram detidos pelos seguranças, encaminhados para o depósito e agredidos, no dia 12 de outubro. Peritos conseguiram recuperar os arquivos que haviam sido apagados do sistema de monitoramento da loja, permitindo a comprovação do crime e a identificação visual dos envolvidos.
Dois aparelhos de DVD-R, que armazenavam a gravação das câmeras de monitoramento do supermercado, foram enviados pela Polícia Civil para o Departamento de Criminalística. Porém, o disco rígido dos aparelhos, onde ficam as imagens, havia sido formatado cinco dias depois do fato – ou seja, apagado, numa tentativa de evitar que as imagens fossem encontradas. O perito criminal da Divisão de Informática Forense, Márcio Gil Faccin, conseguiu recuperar as gravações. “Esses arquivos não são apagados de forma definitiva – a formatação apenas oculta a localização deles. Com o software e os equipamentos que temos aqui no IGP, conseguimos recuperar e reconstruir os arquivos”, conta o perito.
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Depois de encontrar os arquivos, Faccin iniciou a análise das imagens, que haviam sido capturadas por 31 câmeras que estavam em funcionamento no sistema de monitoramento do local. Ao todo, foram analisadas cerca de 15 horas de gravação. Observando a movimentação das pessoas, ele chegou a nove indivíduos – os dois clientes e sete funcionários, que atuavam como segurança e em outras funções no estabelecimento. As imagens mostram quando a vítima pega uma mercadoria no balcão frigorífico, e, em seguida, uma verdura. Ao se dirigir ao caixa, porém, paga apenas o hortigranjeiro. Na sequência, é abordada por um dos seguranças e conduzido a um depósito. Este segurança, então, aplica socos no indivíduo, observado por outros cinco funcionários.
Cinco minutos depois, a análise pericial encontrou imagens da segunda vítima entrando no supermercado, e sendo imediatamente conduzida ao mesmo depósito por outro funcionário. Ele é colocado no chão ao lado do primeiro cliente, que já está sangrando. Um dos seguranças, que já aparecera nas primeiras imagens, aponta um objeto semelhante a uma arma de fogo, e outro chega com uma ripa de madeira.
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A perícia localizou também a imagem de outra câmera, em que um homem desliga uma chave de luz. Dentro do depósito, agora sem luz, as imagens recuperadas mostram a segunda vítima recebendo golpes com o objeto de madeira e chutes no rosto. Já com as luzes do depósito acesas, as imagens mostram diversas outras agressões, realizadas por três pessoas.
Ao final, eles ainda posam para uma foto e saem do local carregando as sacolas plásticas contendo mercadorias semelhantes às encontradas com a primeira vítima das agressões. “Eu me surpreendi, não esperava a brutalidade dessas cenas”, afirma o perito. “A sensação é de ajudar a fazer justiça”, complementa. O Laudo pericial, de 36 páginas e 92 fotografias, ficou pronto em oito dias.
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Parte dos resultados obtidos na perícia das imagens se deve à qualidade dos equipamentos da Seção de Informática Forense. Em agosto, foram entregues dez Cellebrites, dispositivo para a extração de dados de computadores e celulares. Oito contam com um notebook e uma maleta, possibilitando o transporte para o local do crime. A Seção também recebeu o Cellebrite Premium, que descobre a senha de qualquer tipo de celular.
E estão em fase de instalação 25 super computadores, avaliados em R$ 30 mil cada, e três licenças para uso de um software que faz perícia em celulares e computadores. “Os investimentos em tecnologia são extremamente importantes e fundamentais nas perícias de informática”, conclui a diretora do Departamento de Criminalística, Sheila Wendt.
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