Fazer a pergunta certa costuma apontar o caminho para a resposta resolutiva. Se erramos a pergunta, perdemos tempo e oportunidades. Isso vale para diferentes situações, desde a problematização das pesquisas científicas às questões de foro íntimo. Todavia, essa não é uma garantia necessária para uma resposta adequada. Muitas vezes, perguntas inesperadas também conduzem a acertos. Assim sendo, o que você acha das quatro perguntas acerca da Mobilização pelo Cinturão Verde?
Primeira pergunta: O QUE QUEREMOS? Esse foi o questionamento mobilizador que norteou as reuniões até agora realizadas. Dessa pergunta provocadora, cinco constatações se fizeram notórias: todos concordam que se deve preservar o Cinturão Verde no contexto de uma Cidade Socioambiental; também todos se mostram prontos a participar e colaborar; igualmente se observa um consenso de que os proprietários preservacionistas merecem ser concretamente valorizados; sem esquecer do passado, cujos passivos precisam ser recuperados, prevalece o “olhar para frente!” ao tempo em que se constata que todos querem ações, ou seja, não se pode permanecer apenas em reuniões, impõe-se chegar a um Programa Continuado de implementações e atividades. Dessa pergunta vem resultando um memorial dinâmico, constantemente abastecido por novas contribuições colaborativas.
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Segunda pergunta: O QUE TEMOS/SOMOS A SER PRESERVADO? As respostas estão se distribuindo em quatro meios: o físico, reconhecido como o relevo, a geologia, a hidrologia e o clima; o biológico, que envolve a flora e a fauna, seus fluxos e habitats; o socioeconômico, que se revela nos ciclos ocupacionais, nas pressões que impactam, no aparato normativo gerencial; e na situação fundiária, que nos mostrará a real situação dos lotes, seus proprietários e equipamentos, bem como a situação das APPS (áreas de proteção permanente). Com essa pergunta se busca o conhecimento inventariado, ou seja, se terá um diagnóstico embasado num sólido banco de dados aprimorado a cada nova constatação.
Terceira pergunta: QUAIS OS CENÁRIOS FUTUROS PRETENDIDOS? A resposta se encaminha no sentido da transversalidade, até porque o Cinturão Verde não se constitui numa “ilha”, mas se conecta com os 17 objetivos sustentáveis da ONU (ODS), com as diretrizes nacionais e estaduais a exemplo do Zoneamento Econômico Ambiental (ZEE-RS), com as proposições regionais (Cisvale/Agenda 2030), com os biomas e nichos (Mata Atlântica), com a Bacia Hidrográfica do Pardo/Pardinho e os ecossistemas locais, a exemplo do Lago Dourado, Várzea/piscinões, Túnel Verde, ruas e praças arborizadas, bem como com as ações e iniciativas de caráter público e privado. Com a transversalização do diagnóstico chegaremos à geoespacialização em escala adequada, capaz de nos assegurar solidez na tomada de decisões, estas apontadas para o futuro em suas múltiplas faces, que, se bem observado, já se fazem anunciadas.
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Quarta pergunta: O QUE FAZER? A partir do conhecimento integratório em escala pertinente, nos encaminharemos para a implementação das ações, que incluem a elaboração de um programa de incentivos preservacionistas, de ordem tributária e motivadora (um “mix” de adesão voluntária); a constituição de um “Fundo Cinturão Verde”; a visibilização das poligonais demarcatórias através de totens, placas e “QR codes”; o monitoramento; um robusto programa de Educação Ambiental; um plano de contingenciamento frente a possíveis extremos climáticos e movimentos de massa nas encostas. Entre outras ações e atividades, há que se realçar, no momento amadurecido, a elaboração de um Projeto de Lei que instrua um Plano Diretor no sentido de uma cidade socioambiental e, de um Plano de Manejo que garanta a preservação e recuperação do Cinturão Verde de Santa Cruz.
Muito mais precisa ser dito acerca de métodos, etapas, prazos, recursos, responsáveis, validações… Contudo, antes se faz importante ouvir sua pergunta, que talvez ninguém ainda tenha feito e venha a ser decisiva na busca por soluções eficientes e duradouras.
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