Num momento em que competições esportivas estão suspensas, falar da Copa do Mundo de 2022 parece algo um tanto incomum. Não para todos. E não no Catar, a sede dessa competição, entre 21 de novembro e 18 de dezembro daquele ano. Muitos meses ainda restam até a data, e mesmo as eliminatórias ainda precisam ser disputadas, mas um santa-cruzense já está no ambiente em que tudo acontecerá. Felipe Krause, 34 anos, desembarcou em Doha, a capital desse emirado do Oriente Médio, no meio do Golfo Pérsico, no dia 23 de janeiro, tendo saído de Santa Cruz do Sul. Mal chegou, e o coronavírus forçou, também por lá, uma mudança completa na rotina.
É apenas mais um endereço no qual se fixa o nômade Felipe, que aceitou atuar por lá como gerente de restaurante. O convite havia sido feito por um empresário com o qual trabalhara entre 2007 e 2011 em Londres, cidade na qual morou por 14 anos. Antes de se transferir para o Oriente Médio, passou quatro meses em Santa Cruz para visitar o pai, o aposentado André Krause, e então foi para a jornada que, por seus cálculos, deverá durar até depois da Copa. “Aí, sim, se tudo der certo, quero sossegar das andanças e me fixar em Santa Cruz”, anunciou, em longa conversa pelo WhatsApp.
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O restaurante que gerencia está atuando apenas com o serviço de telentrega. Ele reside a cerca de 20 minutos de carro do estabelecimento, em uma vila, onde mora ao lado de colegas de trabalho, com despesas pagas pela empresa. Mal havia chegado a Doha e iniciado as tarefas quando a Covid-19 forçou novas regras de mobilidade social. Por isso, Felipe pouco ainda pôde conhecer da cidade.
Mas não hesita em apontar que ela é muito moderna e está em plena efervescência, em obras, visando à Copa. Doha tem cerca de 800 mil habitantes, a mais populosa do emirado, que, no conjunto, possui pouco mais de 2,5 milhões de habitantes, mais ou menos o dobro de Porto Alegre, com área de 11,4 mil quilômetros quadrados (para parâmetro, é metade da área de Sergipe, o menor dos estados brasileiros). Dessa população, 1,7 milhão são estrangeiros.
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A decisão de Felipe de ir para o Catar mira a inegável excelente experiência que significará trabalhar no país da Copa, diante da multidão que vai circular por lá. É como se a Copa fosse disputada na Grande Porto Alegre, com modernas e sofisticadas estruturas e facilidades logísticas, a poucos quilômetros uma da outra. Até o momento, segundo ele, encontrou poucos brasileiros. E nem no ambiente de trabalho tem contato com algum, sendo os profissionais de outras regiões do Oriente Médio ou da Ásia Central, como do Quirquistão. Em geral, as empresas custeiam moradia, despesas com luz e água, alimentação, transporte e plano de saúde.
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ONDE FICA:
Quanto ao coronavírus, Felipe comenta que pouco é divulgado, de maneira que não se tem muita clareza sobre o que ocorre. Os números oficiais da semana passada davam conta de que havia 35 mil casos positivados, com apenas 15 mortes. Uma vez que Felipe e os colegas não podem se movimentar muito fora da rotina de trabalho, por conta das restrições da Saúde, o jeito é aguardar para que tudo passe. E então, sim, pretende passear por sua nova cidade e conhecer o ambiente no qual será disputada a Copa de 2022.
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