Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, a Europa vivia a ebulição científica que daria origem à era nuclear. Nos anos 1920, Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Marie Curie, Niels Bohr e outros cientistas revolucionavam a física teórica. Em Berlim, o químico alemão Otto Hahn (Nobel de física em 1944) e a física austríaca Lise Meitner (homenageada com o elemento químico Meitnério) desenvolviam pesquisas em radioatividade que levariam, em 1939, à descoberta do átomo como fonte abundante de energia.
A chave para a fissão nuclear veio em 1932, quando o físico inglês James Chad-wick identificou o nêutron. Partícula subatômica sem carga elétrica, o nêutron não era defletido pela carga positiva do núcleo atômico, fazendo dele o míssil ideal para penetrar no coração do átomo. Na Itália, Enrico Fermi, o arquiteto da era nuclear, descobriu que, ao bombardear urânio com nêutrons, novos elementos químicos eram criados. Otto Hahn realizou a primeira fissão nuclear, mas estava intrigado com o fato de parte da massa “desaparecer” nos átomos resultantes.
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Em 1939, Lise Meitner, que já estava autoexilada na Suécia, chegou a uma conclusão extraordinária. A massa faltante na divisão nuclear encontrava explicação na equação de Albert Einstein (E = m c2), denotando que uma quantidade estupenda de energia resultava da fissão nuclear.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, que já haviam acolhido o alemão de origem judia Albert Einstein, crescia o temor de que os nazistas estariam desenvolvendo uma bomba atômica. O próprio Einstein enviou uma carta ao presidente Eisenhower alertando para o risco de a Alemanha vencer a corrida nuclear.
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Em 1942, o Japão ataca Pearl Harbor e os EUA entram na guerra. Nasce o Projeto Manhattan, com o objetivo de produzir urânio e plutônio para a construção de uma bomba nuclear. No estado americano do Tennessee, uma área estratégica de 23 mil hectares foi adquirida pelo governo americano e mais de mil famílias foram desalojadas de Oak Ridge em menos de 90 dias.
O italiano Fermi (Nobel de física em 1938) já havia sido contratado pelos americanos e liderou a equipe que demonstrou a primeira reação nuclear em cadeia sustentada e controlada. Com ele, estava outro cientista importado, o húngaro Eugene Wigner (Nobel de física em 1963), que seria um dos futuros diretores do Laboratório Nacional de Oak Ridge.
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Em Oak Ridge, Fermi gerenciou a construção e operação do reator nuclear de Grafite X-10, o primeiro a produzir e separar plutônio e urânio em escala. Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram sobre Hiroshima uma bomba nuclear com o urânio produzido em Oak Ridge e, três dias depois, uma bomba de plutônio sobre Nagasaki. Em 14 de agosto, o imperador Hiroito assinou a rendição do Japão. Terminava a guerra que matou 60 milhões de pessoas, na maioria civis.
Oak Ridge recebeu o título de Laboratório Nacional e, após a guerra, converteu seus esforços para o uso pacífico da energia nuclear, na geração de energia elétrica e em aplicações médicas. Hoje, mais de 6 mil cientistas, engenheiros e responsáveis pela infraestrutura de seus 250 prédios, além de cerca de 3 mil cientistas convidados, estão espalhados pelos 4 mil hectares da instituição.
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Visitá-lo não é tarefa trivial. Para acessar o complexo, protegido por força policial tática, tive que passar dias antes por cheque de antecedentes e preencher longos formulários. No dia da visita, agentes fortemente armados checaram minhas credenciais e permaneci acompanhado o tempo todo pelo meu guia, alguém que para mim era deveras – e literalmente – familiar.
O trabalho científico de ponta ali realizado envolve estudos avançados de materiais, pesquisa em biologia, física, química e computação de alta performance. As realizações práticas e o número de patentes (mais de mil só nos últimos dez anos) justificam o aporte de recursos públicos. Entre as recentes inovações e descobertas, o penúltimo elemento da tabela periódica, o Tennesso (número atômico 117). O nome do halogênio homenageia o estado americano que sedia o complexo.
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Oak Ridge abriga ainda um mundialmente famoso centro de computação, que inclui o computador mais veloz do mundo, o HP Frontier, assim como seu antecessor, o IBM Summit. Para quem interessar, o Frontier tem velocidade de processamento de 1,7 exaFLOPS, o equivalente a 1,7 quintilhões (17 seguido por 17 zeros) de cálculos por segundo.
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