Leitores da Gazeta do Sul já devem ter se deparado, em muitas ocasiões, no espaço Interativo da página 2 do jornal, ou mesmo em outras seções especiais, com poemas e inspiradas crônicas da pedagoga Jossara de Fátima Bes. É sempre com um olhar repleto de poesia que ela vislumbra o mundo, assimila o cotidiano, e até mesmo os momentos de angústia ou de inquietação inspiram nela alguma manifestação de ternura. Assim, não deve surpreender aos que a leem a forte marca do afeto que imprime em seu primeiro livro autoral, Pelas frestas das paredes, que acaba de lançar, pela editora Coralina, em 182 páginas, a R$ 49,90.
A obra teria motivado sessão de autógrafos durante a 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul; no entanto, como o evento acabou sendo cancelado, em virtude da enchente, ela agora planeja uma nova atividade, a ser oportunamente divulgada. Enquanto esse congraçamento com os leitores não ocorre, exemplares podem ser encontrados em livrarias, no site da editora ou diretamente com a autora.
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E o que se encontra neles é uma vigorosa e instigante seleção de textos, nos quais a maturidade da produção literária é evidente. Jossara deixa-se tocar por tudo o que é mais humano e mais autêntico. Ela se abastece principalmente daquilo que, desde a infância, permaneceu como ideal e como propósito, na comunicação com as demais pessoas, com a comunidade e com o meio ambiente.
Jossara é natural de Boqueirão do Leão, na parte alta do Vale do Rio Pardo, a 85 quilômetros de Santa Cruz do Sul. Lá, nasceu no dia 15 de maio de 1964, de maneira que completa seus 60 anos na próxima quarta-feira. Formada em Pedagogia, é pós-graduada em Psicopedagogia Institucional. Atuou como professora de educação infantil na rede municipal de Santa Cruz do Sul, cidade na qual está rádicada há quase cinco décadas.
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Como enfatiza, fascinada como era pelo mundo das palavras, sempre costumava participar de concursos literários, em conto e poesia, e essa presença constante nos certames rendeu participações em várias antologias. Além de contribuir com publicações, a exemplo da Gazeta do Sul, também alimenta um blog pessoal.
Em sua estreia autoral, prontamente situa o leitor: “Eis o meu primeiro livro, cujos contos com pinceladas de poesia se enfeitam de tempos, de lugares, de gentes e de imaginação! Agradeço ao tempo e aos lugares onde pisei por desenhar na minha memória cada palavra que escrevi.”
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O também escritor Leonardo José Andriolo, no prefácio, reforça o convite à leitura. “Pelas frestas das paredes é um livro encantador, escrito com sensibilidade e imaginação, que tem a capacidade de nos transportar de volta à infância, esse tempo mágico, em que a realidade se confunde com a fantasia, em que os sonhos convivem com os pesadelos, em que as pequenas alegrias dividem espaço com as provações”. Pelas frestas das paredes, o olhar poético de Jossara toma ciência do grande mundo real.
Jossara nasceu e cresceu na Vila Serafim Schmidt (Bes, seu sobrenome, é de origem italiana), que era o 6º distrito de Santa Cruz. Com a emancipação de Boqueirão do Leão, passou a pertencer a esse território, distando dez quilômetros da sede (daquela localidade até Santa Cruz, são em torno de 60 quilômetros). Filha do casal Pedro e Irma, falecidos, é a do meio entre sete irmãos: os mais velhos, Marilin, Eloá (falecida) e João; e os mais novos, Roque, Marlouve e Sílvia. Por lá mesmo fez os estudos iniciais, até que, quando tinha 11 anos, a família se fixou em Santa Cruz. Com exceção de João, que mora em Ijuí, os demais irmãos seguem todos na cidade, e Marlouve cursou Pedagogia simultaneamente com ela.
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Na nova cidade, deu sequência aos estudos na escola Polivalente. É casada com o santa-cruzense Mauro Beckenkamp. Já mais tardiamente decidiu investir em formação superior, concluindo a graduação em Pedagogia por volta dos 50 anos. A autora recorda que ao longo de muitos anos escrevia poemas com ritmo de prosa, ou prosa carregada de poesia, em paralelo ao tempo em que atuava como professora na rede municipal de ensino.
É sobre essa bagagem pessoal e de formação que parcela de sua produção poética está firmada, num olhar que se estende do meio rural ao contexto urbano.
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Pelas frestas das paredes, de Jossara de Fátima Bes. Porto Alegre: Coralina, 2024. 182 p. R$ 49,90.
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