Do dia a dia agitado nas agências para o movimento da estrada. Moradores de Santa Cruz do Sul, os bancários aposentados Gilberto Castoldi e Larri Ladimir Grassmann Gomes têm mais em comum. Há algum tempo, os dois passaram a se dedicar a outras planilhas e contagem de números. Ao longo dos anos, somam quilômetros, multiplicam aventuras e dividem histórias, construídas em andanças pelo Rio Grande do Sul.
Natural de Santo Antônio da Patrulha, há dois anos residindo em Santa Cruz do Sul, Larri não se engana nos cálculos. Faltam apenas 18 municípios para visitar e, assim, completar o mapa gaúcho. Na companhia da mulher, a professora de História aposentada Suzema Bittencourt Gomes, já percorreu cerca de 20 mil quilômetros em visitas a 479 municípios. As viagens ocorrem a cada 30 ou 40 dias. “Pegamos a estrada e ficamos passeando por quatro ou cinco dias”, conta o viajante.
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Para que tudo ocorra da melhor forma possível, o casal, pais de dois filhos, organiza cada jornada em planilhas, com informações sobre os municípios, num roteiro de riquezas culturais e naturais. “Devido ao meu trabalho, nós já moramos em dez cidades diferentes. A partir das viagens, podemos dizer que o povo gaúcho é surpreendente com a sua hospitalidade”, afirma Larri.
Em cada destino, Larri também aproveita para exercer outra paixão: a fotografia. Na sala do apartamento no qual reside, no Bairro Santo Inácio, imagens estampam quadros e porta-retratos. Afinal, como ele mesmo diz, “sempre há alguma beleza em cada lugar”. Do projeto, que teve início em 2019, na busca pelo recomeço e pela reinvenção diante da aposentadoria, o ex-bancário carrega na bagagem muito mais do que os olhos podem ver. “Vimos pessoas orgulhosas por sua terra, independentemente do tamanho ou da população.”
Aos 17 anos ele deixou a localidade de Lajeadinho, em Encantado, para estudar em Santa Cruz do Sul. Chegou para ficar em março de 1979. Antes de começar a carreira no banco, em 1989, trabalhou na Souza Cruz. A aposentadoria, por sua vez, chegou em 2009. A partir daí, Gilberto Castoldi começou a se aventurar por outros caminhos. Primeiro como ciclista pelas localidades da região. Mais tarde, como turista pelas cidades gaúchas.
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A ideia nasceu a partir de conversas com o piscineiro que atuava na sua residência, localizada no centro de Santa Cruz. As primeiras viagens, aliás, ocorreram na companhia do amigo. “Ele comprou um mapa para cada um. Saíamos pela manhã e retornávamos no fim do dia”, recorda. Há algum tempo, no entanto, a turma é outra. Hoje, o ex-bancário viaja em grupo e chega a pernoitar nos destinos, dependendo da distância.
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O grupo no WhatsApp, intitulado “Pelo Rio Grande”, reúne os companheiros de jornada. E há até uma regra para aquele que assumir o volante: quem dirige, ganha a viagem. De duas em duas semanas – preferencialmente entre terça e quinta-feira –, eles seguem pela estrada rumo ao desconhecido. Chegam ao destino e exploram os principais pontos turísticos. Assim, Gilberto contabilizou 430 municípios já visitados no Rio Grande do Sul.
Casado, pai de um homem de 31 anos e de um casal de gêmeos de 18, Gilberto se diverte e se emociona com as memórias criadas nas andanças. Nos álbuns fotográficos e nas mais de 1,5 mil imagens, fica o retrato de um estilo de vida. Ao ser questionado sobre o local para o qual voltaria, ou aquele que não gostaria de visitar novamente, o viajante é categórico: “Seja o lugar que for. Se você teve uma infância feliz naquela cidade, gosta ou quer voltar.”
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Nas redes sociais, Gilberto e Larri, apaixonados por histórias, compartilham suas andanças. Nas páginas virtuais ficam apenas fragmentos das aventuras todas, planejadas com muita pesquisa e empenho. A previsão é concluir as visitações em solo gaúcho até novembro deste ano. E depois? Talvez se deparem com outros destinos. Ou voltem para onde já foram. Como os bons turistas que são.
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