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Peixes, só na espera

Clóvis Haeser
Empresário aposentado
clovis@haeserseguros.com.br

Lembro-me do tempo em que a Lambreta ou a Vespa era o meio de transporte usado pelos jovens. No verão, nos fins de semana, juntamente com meus amigos, deslocava-me até a Ponte Rio Pardinho. Era pertinho, além disso, a turma poderia testar suas poderosas máquinas na reta que antecede a velha ponte, que por muitos anos serviu de acesso para a vila.  

Na chegada ao balneário, a fim de impressionar as meninas que lá se banhavam, acelerávamos os motores para que fôssemos notados. Talvez lá se encontrasse alguma moça bonita para paquerar. O importante era admirar as meninas que vestiam maiôs, desnudando importantes partes do corpo que raramente ficavam à vista, principalmente aquelas alvas pernas e coxas, que nos levavam a sonhar com momentos românticos com a nossa, quem sabe, futura namorada. 

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Com a construção das barragens, os balneários praticamente desapareceram, mas a pescaria continua sendo um dos hobbies dos moradores. Nos meses mais quentes, o rio se transforma numa procissão de barcos, cada um buscando seu poço predileto para pescar. Alguns sobem até a barragem de Dom Marcos, onde se concentram os maiores cardumes. Muitas vezes essas pescarias se transformam numa frustração muito grande. 

Após todos esses preâmbulos, quero contar uma história que aconteceu comigo e o Lico, companheiro fiel de pescaria. Passamos uma manhã toda procurando os pintados, mas para a nossa tristeza, não pegamos nenhum que pudesse ser levado para casa. Aqueles pequenos eram devolvidos ao rio.

Resolvemos sair do sol e procuramos a barranca onde tivesse uma frondosa árvore e sombra. A sede nos castigava e resolvemos esse problema que nos afligia: abrimos o compartimento das cervejas, que se escondiam no meio do gelo, e nos servimos com duas latas estupidamente geladas. Chegou a hora de contar como se pega o peixe na espera. O nosso método é infalível. 

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Ficamos tomando nossa cerveja e admirando a paisagem e o movimento dos barcos no rio. Lá longe, avistamos um barquinho descendo de mansinho, impulsionado por um motor de centro. Logo desconfiamos que fosse um pescador profissional. Fiz um sinal para ele encostar sua pequena embarcação perto da nossa lancha.
– Pelo que vejo, a tua pescaria foi boa ontem à noite.

– Verdade. Botei uma rede, fechei um canal do rio e peguei esses dois dourados. 
– Tu vendes esses dois? Não tenho o dinheiro vivo, só cheque. Aceitas?
– Se o senhor me pagar R$ 300,00 no cheque, não tem problema. Fechado o negócio.

Chegamos ao Porto das Mesas e descarregamos aqueles dois peixes graúdos. Os pescadores que estavam no bar, tomando umas geladas, correram ao nosso encontro para olhar nossos troféus. Logo vieram as perguntas dos curiosos:

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– Como conseguiram pegar esses dourados maravilhosos? Quanta habilidade!
– Pegamos na espera. Explico: encostamos o barco numa sombra, abrimos duas cervejas..

Aprenderam como é fácil pegar os peixes na espera?

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