Muitos atletas da dupla Ave-Cruz deixaram seus nomes na história do futebol santa-cruzense. Um deles é Walter Renner Precht, o goleiro Maninho, que defendeu o FC Santa Cruz entre 1952 e 1962.
Com quase 1,90 m de altura, era líder em campo, seguro e um exímio pegador de pênaltis. Quem o viu jogar diz que foi o maior goleiro do Santa Cruz. Natural de Taquari, atuava pelo Guarani de Vila Mariante (Venâncio Aires) e foi descoberto por um olheiro do Galo.
Com o contrato assinado, a direção do Galo conseguiu apoio para que prestasse serviço militar no 8º RI em Santa Cruz e não em Quaraí. Aqui, trabalhou em empresas e na Prefeitura. Na época, os jogadores recebiam um salário do clube e outro do empregador. Os treinos eram das 18 às 21 horas, ou pela manhã, das 5 às 8 horas. E ninguém faltava.
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Walter acredita que havia um boicote para que não saísse da cidade, onde era ídolo. Por dois meses, treinou no Flamengo do Rio, mas o Galo pedia muito dinheiro para liberá-lo. “Eles querem que a gente venda a Gávea pra te contratar”, dizia o presidente do Mengo.
Em 1954 e 1957, treinou no Inter de Porto Alegre e foi titular contra o Fluminense do Rio e Estudientes de La Plata. Mais uma vez, o Galo pediu demais. O clube era mantido por grandes empresas e elas bancavam os jogadores considerados imprescindíveis. Aos 86 anos e curtindo a aposentadoria, destaca que gostava de jogar no Santa Cruz e que não guarda mágoas por não ter sido negociado.
O goleiro lembra que a sistemática do futebol gaúcho na época era diferente. A federação organizava disputas por zonas e por regiões. Os campeões regionais jogavam as finais estaduais. Classificar-se em cada etapa gerava emoção e rivalidade entre as equipes de cada cidade.
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Maninho também destaca a rivalidade entre Santa Cruz e Avenida. Em 1952, o Galo sagrou-se hexacampeão citadino e a final foi disputada em campo neutro, em Cachoeira do Sul. Neste jogo, ele defendeu um pênalti decisivo, um dos tantos que marcaram sua carreira.