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Pedro Simon, um sobrevivente

Conheço pessoalmente o ex-senador Pedro Simon, desde 1968, quando eu tinha 8 anos. Meu pai, chamado de “MDB da gema“, era então candidato a vereador. Até falecer, aos 52 anos de idade, em 1988, coordenava campanhas eleitorais em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, cidade em que nasci. Simon geralmente visitava a nossa casa na companhia de outras lideranças políticas, como Paulo Brossard, um orador que marcou época.

No último fim de semana, o destino protagonizou mais um duro golpe no ex-governador do Rio Grande do Sul com a perda do filho, Tomaz, de 49 anos. Ele sofreu um infarto fulminante em um supermercado de Porto Alegre, deixando a esposa e os filhos, gêmeos, com menos de um ano. Antes dessa tragédia, Simon tivera duas perdas igualmente insuperáveis: da esposa e de outro filho. Pedro Simon tem 91 anos, é homem extremamente religioso, que doou parte do patrimônio à Igreja. Fui assessor do filho dele, o deputado estadual Tiago Simon. Pelo menos uma vez por mês eu passava as tardes com o ex-senador.

Há mais de 60 anos, Pedro Simon mora com a segunda esposa em um modesto apartamento na Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre. As tardes que passei com ele eram verdadeiras aulas de história política. Natural de Caxias de Sul, foi líder estudantil e galgou praticamente todos os cargos na exitosa trajetória política, tendo participado dos eventos mais importantes do Brasil atual. Privou da parceria e do respeito das principais lideranças de diversos partidos políticos no poder ou na oposição.

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O Rio Grande do Sul e o Brasil lamentam até hoje a saída de cena deste líder que foi responsável pela descoberta e pelo lançamento de inúmeros políticos de sucesso. A perda de mais um ente querido seria um golpe injusto, duro e insuperável para qualquer pessoa. A religiosidade de Simon, talvez, seja o único bálsamo capaz de mantê-lo de pé.

Ele é um cristão generoso também com os jovens que o convidam para encontros políticos. É incapaz de negar uma entrevista. Viaja Brasil afora sem cobrar cachê ou exigir qualquer tipo de mordomia. “Sou franciscano, procuro seguir estes ensinamentos”, repetia, antes de se despedir de mim às 17 horas para ir à missa, um compromisso diário, cumprido com dedicação e alegria.

Os desígnios do destino são um eterno mistério. Muitas vezes nos rebelamos contra os reveses que a vida nos apronta. Rogamos pragas para os dissabores, culpamos tudo e todos pelos azares do dia a dia. Eu e outras pessoas que conhecem Simon nos perguntamos de onde ele tira tamanha força para prosseguir. Muitos passam o dia a blasfemar contra a vida e a sorte, sem motivos. Poucos, certamente, são capazes de suportar tantas adversidades, tragédias e perdas como Pedro Jorge Simon, um sobrevivente.

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