O impeachment aconteceu. Dilma Rousseff não é mais presidente da República. Michel Temer não é mais interino. A quarta-feira, 31 de agosto de 2016, é histórica.
O que muda? Muita coisa, por um lado. Um outro perfil de gestão. Novos rumos para a política fiscal e para a política externa, para ficar em dois itens.
Por outro lado, pouco muda. Como bem se viu no longo julgamento, e como se vê diariamente nas ruas e nas redes sociais, o País segue profundamente dividido. Ainda é um mistério se o afastamento de Dilma entrará para a História como um processo democrático ou como um golpe parlamentar.
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Temer tem nas mãos a missão de tirar o País da crise econômica. Alguns sinais são positivos: a confiança da indústria começa a ressuscitar, o que pode, no médio prazo, estimular investimentos e fazer reagir a empregabilidade e o consumo.
Outros são negativos: Temer formou um governo cheio de figuras controversas, algumas das quais já caíram, e as denúncias de corrupção – que levaram ao apoio de parte da população ao impeachment – seguem à espreita. Teme-se também pela permanência dos programas sociais.
O caso é que, mesmo agora autorizado em definitivo a sentar na cadeira de presidente, Temer seguirá obrigado a lidar com uma população parte desconfiada, parte revoltada – tanto que se escondeu o quanto pôde nos Jogos Olímpicos e as pesquisas de intenção de voto para 2018 ainda dão vitória ao PT.
Difícil projetar com segurança o que virá nos próximos meses. Temer parece seguro no seu projeto de reverter a recessão, mas a sua oposição também parece pronta para seguir questionando a sua legitimidade. Até que ponto ele conseguirá superar e trazer, de fato, o País de volta à tranquilidade? Sua base de sustentação no Congresso Nacional é sólida o suficiente? A população que o pressiona irá afrouxar, esquecer o que passou e tocar para frente?
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Essas são as perguntas que ficam. O impeachment passou, a crise não.
*Pedro Garcia é editor de política e economia da Gazeta do Sul
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