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PEDRO GARCIA ANALISA: Já era hora

Figura mais emblemática da política brasileira na atualidade, Eduardo Cunha (PMDB) é um poço de incoerências e ironias. Embora integre o partido que até recentemente era o principal aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), sua ascensão à presidência da Câmara Federal, como candidato de oposição, deflagrou a ruína da base aliada que culminaria, menos de um ano depois, no processo de impeachment. Aliás, foi o próprio Cunha quem não apenas deu início à discussão sobre o impedimento como utilizou de todas as brechas regimentais para acelerá-lo.

Como inimigo número um de Dilma, Cunha tornou-se herói da onda anti-petista e pró-impeachment que tomou conta do país. Esse apoio de parcela da população, somado ao impressionante controle que mantém sobre boa parte dos deputados (ao que tudo indica, por meios no mínimo questionáveis), empoderou Cunha para driblar as inúmeras denúncias de irregularidades das quais é alvo, inclusive de envolvimento com a corrupção na Petrobras, que é um dos pilares do pedido de impeachment. Nos últimos meses, até mesmo quem o admirava ou perdoava, passou a questionar a sua permanência na cadeira de presidente, que só foi possível dada a sua imensa habilidade em manobrar o regimento e evitar o avanço de um processo de cassação no Conselho de Ética.

Independente da posição que se tenha em relação ao impeachment, o fato é que não há discurso anti-corrupção e pró-moralização da política que se sustente se não observar a contradição e o atraso que há na presença de Cunha em um dos cargos mais importantes da nação. Cunha provou representar a política que todos querem erradicar do País o quanto antes. Seu afastamento vem tarde. E tomara que seja definitivo.

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*Pedro Garcia é editor de política e economia da Gazeta do Sul

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