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Pedro Garcia analisa: agora é pura estratégia

O segundo turno será diferente de todos os que já decidiram eleições no Rio Grande do Sul. Não apenas pelo fato de o PT ter ficado de fora, mas porque, em todos os anteriores, projetos antagônicos se enfrentaram. De um lado, uma linha focada na proteção social e avessa a privatizações. De outro, a preocupação com o gasto público e a defesa da aproximação com a iniciativa privada. Foi assim de Brito x Olívio (1994) a Sartori x Tarso (2014), com a balança do voto pendendo ora para um lado, ora para outro.

Agora é diferente: os dois projetos que chegam ao segundo turno são semelhantes, muito semelhantes. Ambos pregam austeridade fiscal, rechaçam preconceitos com a iniciativa privada e têm a mesma visão quanto ao papel que o Estado deve ter na sociedade – a de que o poder público não deve ir além das ditas áreas essenciais. Não haverá mais o que debater sobre os temas centrais dessa eleição – como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e a venda de estatais –, já que os dois pensam igual. Independente de quem seja o mais votado no próximo dia 28, um projeto de Estado já se sagrou vencedor, em um movimento que se alinha à guinada conservadora deflagrada nessa eleição em quase todo o País. Miguel Rossetto, candidato que mais claramente representava a oposição a esse modelo, foi também o mais prejudicado pelo antiesquerdismo crescente.

Para vencer sem ser no duelo ideológico, Leite e Sartori fatalmente terão que elevar o tom da campanha, o que não aconteceu até agora. Será menos uma disputa de ideias e mais uma disputa de estratégia e retórica. Haverá acusações, de um lado e de outro. Sartori dirá que falta experiência ao adversário. Leite tentará pregar no emedebista a marca do continuísmo. Resta esperar para saber quem se sairá melhor. Mas o que nos espera para os próximos quatro anos, isso já está bem claro.

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