O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulga mensalmente os números de contratações e demissões no mercado formal de trabalho. Com base nesses dados, a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), por meio da seção de informação e pesquisa, levantou que 46,3% dos desligamentos realizados no Rio Grande do Sul em janeiro foram a pedido do trabalhador. É seguido pela demissão sem justa causa, com 36,2%.
Em 2024, o Estado contabilizou 1.539.296 admissões e 1.475.850 desligamentos, registrando saldo de 63.446 postos de trabalho. Do total de desligamentos, 40,9% foram realizados a pedido do trabalhador. O último ano foi o primeiro em que essa modalidade teve o maior índice desde a implementação do Novo Caged, realizada em 2020. Naquele ano, 52% eram sem justa causa e apenas 27% por pedido do trabalhador.
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O Rio Grande do Sul é o quinto Estado com o maior número de desligamentos a pedido do trabalhador no País e o sexto com a maior proporção de demissões a pedido em relação ao total de desligamentos. Outubro de 2024 foi o mês que registrou o maior número de saídas por solicitação do trabalhador (56.129); maio, o menor (39.077).
Os setores econômicos que contabilizaram os maiores números de demissões neste modelo foram a indústria de transformação (23,4%) e o comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (28,8%). A Serra e o Vale do Taquari foram as regiões que registraram os maiores números de desligamentos a pedido.
Em números
Modalidade | Percentual | Absoluto |
Demissão a pedido | 46,3% | 60.347 |
Sem justa causa | 36,2% | 47.260 |
Término de contrato | 14% | 18.279 |
Com justa causa | 1,6% | 2.105 |
Acordo entre partes | 1,1% | 1.523 |
Morte | 0,3% | 403 |
Aposentadoria | 0,02% | 36 |
Culpa recíproca | 0,003% | 5 |
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Perfil dos desligados a pedido em 2024
- Homens 51%
- Mulheres 49%
- 19 a 29 anos 45%
- 30 a 39 anos 25%
- 40 a 49 anos 16%
- 50 a 64 anos 8%
- 18 anos 6%
Conforme o Caged
Desalinhamento com os valores é considerado na hora da decisão
A mudança de padrão, fazendo com que o pedido de desligamentos supere o percentual de trabalhadores demitidos sem justa causa, motiva análise do setor produtivo. Pode estar havendo uma movimentação na relação do mercado de trabalho com as pessoas, que pode ser acompanhada tanto na legislação quanto na criação de novas oportunidades.
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A psicóloga e especialista em gestão de pessoas, Fátima Gehlen, que é gestora da Gehlen Gestão e Consultoria Empresarial, com mais de 20 anos de experiência na seleção, treinamento e desenvolvimento para empresas e pessoas, acredita em um desalinhamento em relação aos valores das instituições. E não se trata de valores financeiros, mas de um conceito que evidencia as crenças, aquilo em que as pessoas que fazem a empresa – como sócios, proprietários e colaborares – acreditam e defendem como princípios.
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“O que mais tem motivado os pedidos de demissão são questões como cargas muito acentuadas de trabalho, horas extras, trabalho desproporcional ao que foi combinado, falta de alinhamento ao que foi combinado e ao que é pedido, falta de alinhamento de valores, falta de valorização profissional e falta de oportunidade de crescimento”, enumera. Acrescenta que há líderes que não atuam de forma adequada e eficaz, o que também influencia na tomada de decisão para o trabalhador pedir demissão.
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Essa atitude é percebida mais entre os jovens, explica Fátima. De acordo com sua experiência, são pessoas de 18 a 35 anos que conseguem entender que têm outras oportunidades no mercado de trabalho ou que não estão alinhadas aos propósitos da empresa.
Reverter essa situação pode ser possível, diz a profissional, com treinamento constante, promoção que gere saúde mental, bem-estar, oportunidade de crescimento e desenvolvimento, novos desafios e ter uma organização com lugar aprazível, com bons líderes que saibam mediar conflitos e ofereçam diálogo franco e aberto. “Empresas precisam promover momentos para desenvolver e querer ficar, porque é um lugar legal onde se vê possibilidade de crescer.”
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