De maneira crescente, o meio rural torna-se o espaço eleito por jovens para concretizar sonhos. E isso pode ser constatado em realidade de pequenas propriedades de perfil familiar dedicadas ao cultivo de tabaco ou a ambiente de diversificação nas fontes de renda. Nesse sentido, o casal Murilo Schwanke Neitzke, 20 anos, e Lavínia Timm Schneider, 19, são um exemplo de empreendedorismo e de confiança no futuro construído no interior.
Murilo e Lavínia residem na localidade de Colônia Osório, terceiro distrito de Pelotas, no Sul do Estado, a cerca de 25 quilômetros da cidade, com acesso pela BR-116. Moram em pequena propriedade de 6 hectares, na companhia da mãe dele, Rita Schwanke Neitzke, 56, que é viúva. O marido dela, Lindolfo, faleceu há sete anos, quando estava com 56 anos, e desde então o jovem Murilo tornou-se, de pronto, o esteio familiar. E, ao lado de Lavínia, cumpriu à risca essa missão.
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Na redondeza ainda se verifica produção de tabaco, embora isso seja cada vez mais raro, comenta Murilo, por telefone. O que hoje domina as paisagens são as lavouras de soja. É a cultura à qual se dedica a família de sua única irmã, Márcia, 39, que reside próximo, a meio quilômetro, na mesma área de terras, e que produzem a oleaginosa em lavouras arrendadas.
Mas Murilo decidiu dar sequência a outra atividade, que herdou do pai e da mãe, e que faz parte da história familiar há quatro décadas: a pecuária leiteira. Ele e Lavínia hoje administram rebanho leiteiro de 25 cabeças, das quais 10 vacas em lactação, com produção de 400 litros de leite entregues para cooperativa de São Lourenço do Sul, a Coopar/Pomerano, que abrange municípios da região Sul do Estado. “Cresci vendo meus pais cuidando da pecuária leiteira, e me identifiquei muito com essa atividade”, afirma. Com ordenha mecânica, no sistema de balde ao pé, ele e Lavínia podem cuidar de todas as tarefas, embora isso implique em intensa dedicação diária.
Para atender às necessidades alimentares do rebanho, arrendam seis hectares na vizinhança, e cultivam milho para silagem e a pastagem para pastoreio. Murilo lamenta que tenha chovido pouco nos últimos meses na região, o que atrasou a semeadura da pastagem, que só pôde ser realizada em época mais tardia. “Mas nos próximos dias finalmente vamos poder largar os animais no pasto, e então a produção deve aumentar”, frisa.
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Para evitar os efeitos do clima, pretende investir em breve em projeto de irrigação, ao menos para dois hectares. Pode aproveitar a água de um açude já formado na propriedade. E os planos do casal para o futuro são arrojados: chegar a 15 mil litros de leite por mês, dobrando o volume em relação aos atuais 8 mil litros/mês.
Antes disso, um projeto envolve o amor do casal: no próximo dia 25 de junho, uma sexta-feira, eles vão se casar, três dias depois de Lavínia completar seus 20 anos (Murilo fará 21 anos no dia 27 de julho). Será a união definitiva do jovem casal, que acreditou na agricultura como via de realização pessoal e familiar. “Vamos casar no civil, porque a festa por ora nem seria possível, em virtude da pandemia, e para evitar aglomeração”, comenta ele.
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E assim, entre a união matrimonial e a união em torno de um objetivo comum no agronegócio, Murilo e Lavínia (que também gosta de pintar, tendo desenvolvido esse dom de forma autodidata) dizem que, ainda jovens, já se sentem realizados no meio rural. “Só lamento que hoje se tenha tão pouco incentivo ou auxílio para quem deseja investir na pequena propriedade, com tão pouca linha de crédito e tanta burocracia”, ressalta. Isso, no entanto, em nada lhe diminui a confiança no futuro no interior.
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