A passagem de um monge e pregador pela região, em 1872, causou pavor entre os moradores dos confins de Santa Cruz. Ele afirmava que, em breve, seria cumprida a profecia da beata Ana Maria Taigi de que o mundo enfrentaria três dias de trevas, onde só as velas bentas luziriam.

Animais e plantações que não estavam abençoados seriam consumidos pelo fogo que desceria do céu e demônios arrastariam os inimigos da religião. Quem abrisse a janela para olhar para fora morreria. Todos deveriam ficar dentro de casa, invocando a misericórdia de Deus.

Muitos imigrantes ficaram assustados, pois conheciam as profecias que corriam por toda a Europa. A beata era italiana e viveu entre 1769 e 1837. Até hoje, seu corpo está conservado intacto na Igreja de São Crisógono, em Roma.

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Pessoas de todas as localidades vinham ao povoado pedir ao vigário, o padre Augusto Lohmann, para abençoar suas propriedades. Havia filas para confissões e quem não mais praticava a religião prometeu voltar à igreja. O padre não acreditava na profecia e tentava acalmar o povo.

Como ele tinha só um auxiliar, era impossível atender todos os pedidos de visitas. Quando as coisas se acalmaram, surgiu outra grande polêmica: famílias que não foram a visitadas, e que já tinham alguma divergência com o padre, denunciaram que Lohmann só teria benzido as propriedades de quem se dispôs a pagar.

Indignados com a calúnia, um grupo organizou abaixo-assinado de apoio ao padre. Em um domingo, realizaram uma caminhada, acompanhados por músicos, e foram até a Casa Canônica entregar o abaixo-assinado com 494 signatários. O morador José Meister foi indicado para saudar e manifestar o apoio do povo ao vigário.

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Foto: Divulgação
Vigário Augusto Lohmann cercado por alguns de seus paroquianos
Foto: Divulgação
Corpo da beata Maria Taigi permanece igual, desde sua morte, em 1837

 

 

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