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Patrícia Vilela: a dona do palco

A atriz e diretora santa-cruzense Patrícia Vilela trabalha na primeira montagem de peça de sua autoria em São Paulo. Cães de Rua foi escrita e dirigida pela artista para a companhia fundada por ela e composta por 24 atores. A previsão é de que a estreia aconteça ainda neste ano, depois que todos os integrantes da companhia sejam vacinados. Faz parte do grupo também outra santa-cruzense, a atriz Luísa Horta, que foi aluna de Patrícia.

“Faço normalmente uma peça por ano, mas em 2020 não fiz, por causa da pandemia. Não realizei nada online também porque preferi esperar”, conta a diretora. O processo da peça está sendo desenvolvido desde o ano passado com ensaios online e alguns encontros presenciais, com uso de máscaras e em local ventilado. Participam apenas três atores, a assistente de direção e Patrícia. “Nos presenciais, estamos na etapa de marcação das cenas e desenvolvimento corporal e vocal das personagens. E nos ensaios online também uma vez por semana, ajustes de ritmo, intenções e emoções das personagens.” Com a equipe vacinada, o que deve ocorrer até dezembro, a ideia é reunir o elenco completo para os ensaios finais, antes da estreia.

De acordo com Patrícia, o texto aborda o momento atual vivido pela sociedade, fala de filosofia e negacionismo, entre outros assuntos. Os debates sobre o tema da peça ocorreram entre maio e agosto do ano passado, e, entre pesquisa e escrita, Patrícia trabalhou no roteiro de agosto a dezembro. “Não dava para ficar olhando tudo isso acontecer de braços cruzados. Então, resolvi falar sobre esses temas que são urgentes e surgiram no grupo em nossos debates. Não que esses temas estejam dissociados da pandemia, mas ficaram ainda mais expostos no meio dessa crise”, relata.

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Inspirada pela trajetória do filósofo Diógenes, que procurava um homem honesto com uma lamparina, ela iniciou o roteiro, que conta a história de um grupo de vítimas de golpes que procuram ajuda, inserindo uma miríade de temas na narrativa. “Este momento em que estamos me impulsionou a várias reflexões, e foi inevitável não observar o que o mundo nos apresenta nesse período. Principalmente nas questões que envolvem o comportamento humano no que diz respeito a ética, caráter, preconceito, violência doméstica, abuso sexual, assédio moral, golpes, corrupção, teoria da conspiração, terrorismo, charlatanismo, fake news, saúde mental e empatia”, explica.

Patrícia Vilela foi professora de interpretação para tevê durante cerca de dez anos na prestigiada Escola de Atores Wolf Maya, em São Paulo. “Adorei dar aula lá, desenvolvi bastante a técnica naturalista fazendo cinema e tevê. Isso me deu um refinamento nessa técnica para usar também no teatro, buscar a verdade dos personagens”, conta. Mesmo com sua formação para direção e bacharelado em Artes Cênicas, ela se surpreendeu com a experiência de dirigir cenas diariamente.

Comandando a equipe de elenco e técnicos nas gravações profissionais com três câmeras, cada dia de trabalho era como se ela houvesse dirigido um capítulo de novela. “Foi me dando um pouco de incentivo de voltar a dirigir teatro, mesmo porque as duas coisas estão ligadas. O que não me tira a vontade de um dia dirigir curtas e longas e, claro, continuar sempre com meu trabalho de atriz, que é uma coisa que eu gosto de fazer.” Foi na busca por essa mudança que ela saiu da escola de atores e criou a própria companhia de teatro em 2019.

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Assim surgiu a Cia. de Atores Patrícia Vilela, a Colaatores, sediada em São Paulo. Até o momento, já realizou dois espetáculos: a peça Velórios e a peça CDP 201 – Audiência de Custódia. É possível conhecer mais sobre a companhia e o elenco no site https://www.colaatores.com/ ou nas redes sociais, Instagram e Facebook @colaatores.

O perfil e a carreira da santa-cruzense
Além de uma extensa carreira atuando no teatro, Patrícia Vilela já trabalhou em novelas e seriados para tevê, na temporada Malhação 2012/2013, na Rede Globo, além das novelas Esmeralda e Cristal, do SBT. Nos seriados participou de Pista Dupla, Minha Vida é Uma Novela, Câmera Café e A Fêmea na Jaula. No cinema, integrou o elenco dos longa-metragens Whisky e Hambúrguer, de Caue Angeli (2015); SP: Crônicas de uma Cidade Real, de Elder Fraga (2017) e O Grande Poeta, de André Mattos (2019); e nos curta-metragens esteve em Réquiem, Madalena, Nóia – Um Dia No Limite, O Homem Perfeito e Outras Mentiras, Versus, Olho Mágico, Dark Angel. Pelo curta Nóia, ela recebeu quatro prêmios de Melhor Atriz em festivais nacionais e internacionais.

A santa-cruzense já foi professora de Interpretação para TV na Escola de Atores Wolf Maya, de 2007 a 2018, e professora de interpretação teatral e TV no Projeto Cine Favela, em Heliópolis, além de trabalhar como preparadora de atores para séries, novelas e teatro. Foi fundadora e é diretora da Cia. de Atores Patrícia Vilela, a Colaatores, composta por 24 integrantes desde 2019.

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Como diretora de teatro, dirigiu os espetáculos Teatro Mágico, de Ivanise Garcia, inspirada na obra O lobo da estepe, de Hermann Hesse (1993); Taxi Drive-In, de Alexandre Bamba (2002); Eddie Cosby, de Mara Carvalho, com Júlio Rocha (2002/2003); Tudo Por Ela, de Mara Carvalho, com Júlio Rocha (2014); Marcelo Jorge é Marwem HD (2019), Velórios, de Sérgio Roveri, Ivam Cabral, Mário Bortolotto, Mário Viana e Jarbas Capusso Filho (2019); CDP 201 – Audiência de Custódia (2020). Além da peça Cães de Rua, com texto e direção de Patrícia, com estreia prevista para ainda este ano, a diretora trabalha em um monólogo e na adaptação de A Voz Humana, de Jean Cocteau.

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