As vacinas apareceram como um alento ante o maior problema da contemporaneidade: a pandemia. Mas o que também pede um imunizante são os problemas na economia, via de regra, provocados pela crise sanitária. A inflação passou a incomodar os brasileiros, sobretudo os mais pobres, e tem gerado um cenário desafiador para os mais diferentes segmentos da sociedade.
Quem aponta essa dificuldade enfrentada pelo mercado é a economista Patrícia Palermo, que ministrará palestra para os associados do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios dos Vales do Rio Pardo e Taquari (Sindigêneros) na próxima terça-feira, às 19h30, na sede da entidade, em Santa Cruz do Sul.
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Patrícia também conversou com a Gazeta do Sul. “A inflação veio como um balde de água fria no que esperávamos do pós-pandemia”, afirma. Ela entende que, com a diminuição dos números do momento pandêmico, a tendência seria de liberdade para as pessoas, mas a situação econômica não tem permitido isso.
Patrícia falará sobre o tema Cenário econômico atual e perspectiva: desafios e oportunidades. Adianta que o cenário é desafiador para a sociedade. “Há o controle da pandemia, avanço da vacinação. Isso deveria ser acompanhado do aumento de confiança da população, mas a inflação alta restringiu essa sensação”, explica. Ela vê o Banco Central agindo, com o aumento das taxas de juros, entretanto, acredita que a situação deve perdurar no próximo ano, mesmo que se aposte em um recuo. “Mas não acredito em um retorno da hiperinflação. Quando a gente tem a sociedade questionando os 11% atuais, considerando um absurdo, é sinal de que não chegaremos a 50% ao mês, como no passado”, ressalta.
A economista reforça que não adianta tomar medidas restritas ao âmbito monetário, se o fiscal não acompanhar. Sobre o setor que acompanhará a palestra, percebe uma vantagem por ser prioritário. Não é possível ignorar, porém, o fato de que as pessoas tendem a migrar para produtos de marcas mais baratas e priorizar os essenciais, que costumam representar menor margem. “Isso deve ser levado em consideração no planejamento de 2022”, alerta. A tendência, afirma, é que os clientes deixem de comprar em um só local, passando a aproveitar as promoções específicas.
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O presidente do Sindigêneros, Celso Müller, acredita que a palestra de Patrícia ajudará o setor a enfrentar os danos causados pela inflação. Ele até prevê incremento de vendas no período, mas não tão significativo como em outros anos. Projeta, inclusive, limitação nas contratações temporárias. Sobre isso, porém, aponta outro dificultador: a falta de qualificação da mão de obra. “É complicado encontrar profissionais em áreas como açougue, confeitaria e padaria”, exemplifica o dirigente.
A pandemia econômica
“A pandemia não acaba quando termina”, ilustra Patrícia Palermo, para mostrar que as consequências do coronavírus ainda serão sentidas, em especial, na economia. Enfatiza que houve uma descoordenação entre a demanda e a oferta, durante o período de maior restrição de circulação. O aumento das compras pela internet, sobretudo de produtos da China, também acarretou elevação dos preços, pois o setor de transporte marítimo vinha de um período sem investimentos e acabou enfrentando congestionamentos. “Hoje, 12,5% dos contêineres do mundo estão parados em algum congestionamento”, exemplifica.
Além do problema global, a economista aponta o câmbio como uma dificuldade nacional. “O real foi uma das moedas com maior desvalorização e isso acaba repercutindo nos preços”, conta. Isso gera acréscimo nos índices inflacionários, atingindo o público com menor renda.
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A palestrante
Patrícia Palermo é economista formada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre e doutora em Economia Aplicada, também pela Ufrgs. Ela é economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac e professora da ESPM Sul e das Faculdades São Francisco de Assis, desde 2004.
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