A Gazeta do Sul conheceu na terça-feira, 21, uma família de Linha Costa do Rio, interior de Candelária, que tem sofrido com perdas nas lavouras há cerca de uma década devido ao ataque de animais, como capivaras. Contudo, esse problema não é exclusividade daquele lugar. Segundo a Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), há registros do tipo em toda a extensão do Vale do Rio Pardo e também no Vale do Rio Jacuí.
De acordo com o sargento Roberto Moraes, do 2º Grupo de Polícia Ambiental da BM, de Cachoeira do Sul, que responde ao 2º Pelotão Ambiental de Rio Pardo, quatro animais aparecem na maioria das ocorrências: jacaré, tatu, capivara e javali. Mesmo sem um estudo que aponte em estatísticas o crescimento populacional das espécies, Moraes afirmou que há um aumento significativo desses animais, motivado pela falta de predadores.
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“A caça é proibida no Rio Grande do Sul. Apenas é permitida a ao javali, considerado uma praga anos atrás, como forma de controle. Contudo, quem pratica a caça deve seguir uma série de normas, como ter armamento licenciado, permissão do Ibama para o abate e análise de um veterinário no sangue do animal, para verificar se o bicho não está contaminado com algum vírus”, explicou.
Moraes ainda reforça que a caçada não é permitida para consumo, somente como forma de controle da praga. O sargento também comentou que não há confirmações de ataques de jacarés, mas percebe-se um crescimento às margens dos principais rios da região. Segundo ele, esses répteis têm em sua alimentação filhotes de capivaras. “Por outro lado, os roedores se reproduzem duas vezes por ano, com média de três filhotes cada. O impacto do predador acaba sendo pouco.”
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“Falta de habitat faz com que ataquem as lavouras”
Roberto Moraes atribuiu a outro fator o ataque às produções agrícolas por parte de capivaras e javalis. “Com o crescimento das lavouras em toda a extensão do Rio Grande do Sul, perdeu-se espaço de mata nativa. A falta de habitat faz com que esses animais ataquem as lavouras por instinto de sobrevivência, por alimento. Como características, essas espécies procuram estar sempre próximas a grandes volumes de água. Na falta de mata, as lavouras de milho e arroz se tornam as prediletas. Os javalis são ainda mais agressivos, atacam qualquer coisa. Há relatos de terem devorado um bezerro”, comentou.
Moraes também relatou que espécies de veados já foram vistas pela região, mas em uma escala menor e sem registros de devastações no campo. O sargento orientou os produtores que estão enfrentando problemas com animais silvestres em suas propriedades a entrar em contato com o Batalhão Ambiental, para que um estudo seja feito. Segundo ele, a partir da BM, a Fepam e o Ibama são acionados e as medidas cabíveis são tomadas. O contato é (51) 3723 1515.
O sargento Roberto Moraes comentou ainda que patrulhamentos estão programados para as próximas semanas, durante o dia e a noite, e irão percorrer o Vale do Rio Jacuí até o Vale do Rio Pardo, para compreender a fauna dessas regiões. “Ao entendermos melhor o bioma, poderemos tomar as melhores atitudes que venham a preservar as espécies e proteger as pessoas.”
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