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MEMÓRIA

Pastor Werner: das agruras da guerra aos recantos de paz

Foto: Rafaelly Machado

Pastor Werner aos 85 anos: uma memória privilegiada tanto de suas vivências na Alemanha quanto das no Brasil

Há 20 anos, em 2002, chegava à aposentadoria, junto à Comunidade Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em Sinimbu, onde atuara por 24 anos, o pastor Klaus-Ulrich Otto Eduard Werner, tão logo completara 65 anos. Mais do que a culminância de uma caminhada no sacerdócio, salientava-se ali a trajetória de um líder espiritual e comunitário que perpassara alguns dos mais impactantes e traumáticos eventos da história. Pastor Werner, como era e ainda é conhecido, afastou-se da rotina de cultos, mas permaneceu na região, ainda que tivesse fortes laços também com o outro lado do Oceano Atlântico.

Afinal, Klaus-Ulrich é alemão, nascido antes do eclodir da Segunda Guerra Mundial. Nesse conflito, ainda criança, perdeu o pai, e viu a mãe ser recolhida a local que fora campo de concentração quando já tinha uma irmã e um irmãozinho de poucos meses. No que finalmente a família pôde se reunir em ambiente livre, o pequeno Klaus-Ulrich, pré-adolescente, buscou recuperar parte da formação que não tivera ao longo da guerra, o que o levou a um seminário de formação da igreja evangélica luterana.

Pastor Klaus Werner, que nasceu na Alemanha, e a esposa Sílvia, santa-cruzense, diante da residência do casal em Rio Pardinho

Ali soube das oportunidades para jovens pastores no Sul do Brasil. Isso o trouxe ao Rio Grande do Sul, e depois o levou ao interior do Paraná. Foi em Santa Cruz do Sul, onde chegou em 1968, que encontrou uma cidade com a qual muito se identificou. E deparou-se com o amor. Casado com a santa-cruzense Sílvia, com ela tem três filhos. Atuou por dez anos junto à Comunidade Evangélica Centro, em Santa Cruz, até assumir como pastor em Sinimbu.

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Ao se aposentar, fixou-se ao lado da esposa em aconchegante casa em Rio Pardinho, a um quilômetro do perímetro urbano. Na vizinhança mora a filha Mariane, professora, com sua filha Laura, a única neta de Klaus e Sílvia. O filho Christian está radicado em São Paulo; já a filha mais nova, Ângela, hoje se encontra na Alemanha, residindo em Aachen, na divisa com a Bélgica e a Holanda.

Pastor Werner, com sua história de superação de adversidades, as quais enfrentou desde a mais tenra idade, não foi apenas um líder espiritual. Foi sempre um esteio da sociedade, e assim seguiu em Sinimbu, onde por anos presidiu o hospital e liderou melhorias e ampliações em benfeitorias da comunidade. Agora, e especialmente em virtude do período de pandemia, mantém-se mais recluso, caseiro, dedicando-se a leituras e à apreciação da bela paisagem circundante em sua chácara, cujo paisagismo fica aos cuidados do jardineiro João Teixeira.

Heinz: morto na primeira semana da guerra

Desfruta de sua agradável residência de dois pisos com características que o religam às lembranças da Alemanha, em espaço projetado pelos arquitetos Milton Keller e Ana Baumhardt. Aos 85 anos, curte a paz e o sossego na companhia da esposa Sílvia; os tempos de agruras e de carestia por causa da guerra ficaram no passado, ainda que sempre presentes na memória, como não poderia deixar de ser. Em sua casa, o pastor recebeu a Gazeta do Sul, ao lado de Sílvia, para rememorar sua caminhada.

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Relato na Gazeta em 1977

Em sua edição do dia 2 de abril de 1977, a Gazeta do Sul apresentava aos leitores de Santa Cruz do Sul e de toda a região a história do pastor Werner, que chegara à cidade em 1968, para atuar junto à Comunidade Evangélica Centro. Naquela ocasião, Klaus completava 40 anos, e as circunstâncias associadas à Segunda Grande Guerra, bem como as agruras familiares, foram recuperadas em matéria de página inteira em formato standard, como mostra a reprodução à direita.

Agora, 45 anos após aquela reportagem, a Gazeta do Sul revisita essa trajetória, religando-a com os acontecimentos das últimas quatro décadas na região. Ao longo dos anos, a mãe de Klaus, Edeltraud, bem como o padrasto dele, Hermann, realizaram diversas visitas a Santa Cruz e a Sinimbu, onde os Werner se fixaram. Ao mesmo tempo, e aproveitando as temporadas de férias, primeiro de meio ano e posteriormente de três ou dois meses, a família viajava à Alemanha para rever os parentes que permaneciam por lá. Mas o pastor Werner elegera definitivamente
o Vale do Rio Pardo como a sua terra.

A mãe de Klaus, Edeltraud, viúva, casou-se com o cunhado, Hermann: ambos vieram à região

A infância em meio ao maior conflito mundial

O ano era 1937. A tensão de um conflito armado já se espalhava pela Europa Central. O casal Heinz e Edeltraud Werner residia na cidade de Exin, na Prússia Ocidental, onde ele era pastor, e ali, no dia 3 de junho daquele ano, nascera seu primeiro filho, Klaus-Ulrich. A região nem sempre pertencera à Alemanha, mas na época alemães e poloneses conviviam relativamente sossegados. Então, em 1939, quando o pequeno Klaus nem havia completado 2 anos, tropas alemãs invadiram a Polônia, dominando e ocupando as cidades maiores.

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Nas áreas mais afastadas, os poloneses se armavam e preparavam a resistência. De pronto, vingavam-se nos alemães que viviam entre eles, a começar pelos que detinham influência na sociedade. Na primeira semana da invasão, o pastor Heinz, na condição de líder espiritual e comunitário, foi uma das vítimas. Foi assassinado, deixando, além do primogênito, uma filha a caminho, Renate, que nasceria meses mais tarde. Restou à viúva permanecer na terra natal com as duas crianças pequenas e suportar as ameaças, até que em 1944 viesse se casar com Hermann, irnão do ex-marido morto, alternativa para viabilizar sua subsistência e dos filhos. Com o cunhado viria a ter mais um filho, que recebeu o nome de Heinz, em homenagem ao marido falecido. Hermann, entretanto, alistara-se e fora enviado ao front alemão na França, onde as tropas aliadas o aprisionaram, embora a família desconhecesse esse fato.

No início de 1945, com a derrota iminente da Alemanha, os soldados russos invadiram a região de Exin, que se tornou território polonês. Por fim, os alemães que sobreviveram aos fuzilamentos e às atrocidades, como acabou sendo o caso da viúva Edeltraud e de seus dois filhos (a filha, Renate, conseguira fugir com uma tia), foram reunidos em um antigo campo de concentração nazista.

Pastor Werner virou adepto do chimarrão

Só por um golpe de sorte o pequeno Klaus, que tinha de 7 para 8 anos, permaneceu próximo da mãe, tendo sido ocultado sob uma cama por um policial polonês que conhecia a família desde antes da guerra. Os russos estavam tirando os filhos pequenos dos alemães para dá-los como adotivos a poloneses. A mãe de Klaus teve de permanecer no campo e trabalhar na produção agrícola, e ele, por volta dos 10 anos, cuidava do irmão Heinz.

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Quando finalmente conseguiram a libertação, por intervenção de um conhecido influente, radicado nos Estados Unidos, foram transferidos para Berlim Oriental. E no Natal de 1948, graças à ação da Cruz Vermelha e da igreja, enfim ingressaram em território livre, reunindo-se a Hermann. Fixaram-se então em Hermannsburg, e ali, com 12 anos, Klaus foi pela primeira vez à escola. Precisava recuperar os estudos, inclusive o melhor domínio do idioma alemão, pois falava fluentemente o polonês.

No seminário, o filho opta por seguir a carreira do pai

Depois de conseguir reunir-se em Hermannsburg, na Alemanha Ocidental, a família Werner mudou-se para Neuss, junto ao Rio Reno, ao final da década de 1940, onde a mãe e o padrasto assumiram a direção de um internato. Já o jovem Klaus, recuperando de algum modo a educação formal que não tivera até então, alimentava o plano de virar agrônomo, influenciado pelo contato com os animais durante o período vivido na fazenda, ou pastor, em certa referência à carreira do falecido pai.

Frequentou os seminários de formação ligados à igreja evangélica luterana em Wuppertal e Neukirchen. Em 1960, neste último, onde ficou por quatro anos, assistiu a uma palestra de um pastor brasileiro. Este lhe revelou as oportunidades que havia para atuar junto a comunidades na região Sul do Brasil. Prontamente Klaus assinou um contrato de 12 anos e em dezembro do mesmo ano zarpava rumo à América do Sul.

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Aos 23 anos, viu-se em Picada Café, então município de Nova Petrópolis, no distante Rio Grande do Sul, onde ficou por dois meses. Ali, ao menos podia se comunicar em seu idioma materno, uma vez que a maioria da população falava alemão. Ele, claro, praticamente não dominava a língua portuguesa, e só mesmo o contato com as regiões de colonização alemã lhe permitiria alguma interação com as famílias. E se impressionou com a fartura, em especial de carne, que passou a consumir com gosto, tornando-se um adepto do churrasco, e logo agregou os quilos que antes nunca obtivera em sua terra natal. E simpatizou com outro hábito da terra: o chimarrão.

O pastor Werner dirige um culto: no princípio, ele pouco dominava a língua portuguesa

Mas então Klaus aceitou uma proposta para assumir, de forma pioneira, uma comunidade avançada em uma nova colônia alemã, em Capanema, no Paraná, região praticamente coberta de florestas naquela época. Atendendo famílias num raio de quase 100 quilômetros, foi o primeiro pastor dessas comunidades, enfrentando todas as limitações em deslocamentos e infraestrutura. Ficou por quatro anos, para então se transferir a São Sebastião do Caí, novamente no Rio Grande do Sul, entre novembro de 1965 e janeiro de 1968.

O contrato de 12 anos que Klaus assinara com a igreja na Alemanha previa que cumprido metade desse tempo ele poderia retornar por seis meses a sua terra natal. Já atuando em Caí, pôde então passar meio ano em visita a seus familiares na Alemanha. No entanto, no que retornou à comunidade, encontrou-a sem o mesmo clima para o bom exercício do ministério. E achou que era a hora de mudar de ares. Soube que havia uma vaga para pastor em Santa Cruz do Sul, e não hesitou em se transferir.

Chegou a sua nova cidade no início de 1968, e se instalou como interno nas dependências do Colégio Mauá, que ainda funcionava no prédio central da Rua Borges de Medeiros, a apenas duas quadras da igreja evangélica. Foi no educandário que, em um encontro de ex-alunos, conheceu a santa-cruzense Sílvia Scherer. Acabaram se apaixonando. Ela era filha do casal Frederico Guilherme e Ilse Scherer, mais conhecida por Ila, e concluíra os estudos secundários no Mauá, tornando-se professora na Escola Grupo Escolar à Rua São José, onde hoje funciona o Albergue.

A opção pelo sossego em Rio Pardinho

Com a transferência do pastor Klaus-Ulrich Werner para Santa Cruz do Sul, e o seu casamento com Sílvia Scherer, uma nova fase de sua vida começaria nesta cidade. Uniram-se quando ele estava com 32 anos, e há nove no Brasil, e ela com 25. Casaram-se em 1970, indo residir no Edifício Dona Paula, um dos primeiros a serem construídos na ainda pacata cidade.

Decidiram logo ter filhos; assim nasceu o primogênito Christian, hoje com 52 anos, e que, depois de cogitar formação em diferentes áreas, apostou nos estudos de grego clássico, em que hoje é pós-doutor. Radicado na capital paulista, leciona na Universidade de São Paulo (USP) e também traduz a partir do grego. Em seguida veio a filha Mariane, com 48, e que, formada em Pedagogia, é professora em Sinimbu. E, por fim, a filha Ângela, 46 anos.

Mariane fixou-se na vizinhança de onde residem Klaus e Sílvia, em Rio Pardinho, tendo a filha Laura, 15, com Elói Panke, ambos hoje separados. Por sua vez, e por essas circunstâncias do destino, se no início de sua caminhada profissional Klaus deixou a Alemanha para se fixar no Brasil, Ângela fez o caminho inverso, residindo no país natal do pai. Ela se estabeleceu em Aachen, na divisa com a Bélgica e a Holanda, ao lado do esposo Roger, espanhol, e os dois atuam em multinacionais, ela como estrategista de projetos na excelência de Produção. Aliás, por causa da pandemia e da adoção do formato de home office, Christian também passou temporada na Alemanha, em Berlim, onde trabalha sua esposa, Érica, que é formada em Letras. Nessa semana é que Christian retornou ao Brasil para retomar as atividades de ensino na USP.

A partir da aposentadoria, em 2002, Klaus e Sílvia decidiram se fixar em uma chácara, e a opção recaiu pela localidade de Rio Pardinho, às margens da estrada que liga a Santa Cruz e à RSC-287. Próximo do perímetro urbano, puderam seguir em contato com as pessoas junto às quais o pastor Werner tornou-se referência ao longo de quase um quarto de século. Ao mesmo tempo, curtem a calmaria do meio rural.

Família Werner em Sinimbu: Sílvia e Klaus, já em Rio Pardinho, na companhia dos filhos Christian, Mariane e Ângela

Escolheram adaptar a casa que compraram a um estilo mais em sintonia com a arquitetura da Alemanha; o projeto, conduzido pelos arquitetos Ana Baumhardt e Milton Keller, implicou em um segundo piso, com a estrutura do telhado aparente, e um amplo salão confortável e com muito espaço para receber os filhos e os amigos.

Hoje, desfrutam de casa confortável, que por sua beleza tornou-se ponto conhecido na região, e estão cercados de um jardim com muitas flores e paisagismo. O pastor recorda que ao longo de sua estada em Santa Cruz, e posteriormente em Sinimbu, sua mãe, Edeltraud, e o padrasto, que ficaram morando em Neuss, cidade na qual haviam se fixado, vieram visitá-los no Vale do Rio Pardo. Dona Edeltraud veio sete vezes à região. “Ela sofrera muito, tivera tantas perdas durante a Grande Guerra, mas depois soube recuperar a alegria de viver”, recorda Sílvia. Segundo ela, a sogra adorava Santa Cruz e Sinimbu, e quando estava por aqui não queria mais deixar a região.

A mãe do pastor Werner, nascida em 1908, faleceu em 1986, aos 78 anos. Já o segundo marido dela, Hermann, morreu aos 77 anos, ambos sepultados em Neuss. A irmã de Klaus, Renate, também é falecida, enquanto o irmão Heinz, 76 anos, ainda mora em Neuss, ao lado da esposa Käthi e do filho Timo. Klaus e Sílvia, acompanhados dos filhos, visitavam com regularidade os familiares em terras alemãs, mas já não fazem o percurso desde 2014. E a pandemia naturalmente só reforçou esse distanciamento, período em que, como aconteceu com praticamente todas as famílias, optaram por permanecer em casa.

As notícias da comunidade, na qual convivem há mais de quatro décadas, lhes chegam sempre, por intermédio de vizinhos ou por Mariane e Laura, que os visitam diariamente. Leitores, em português e alemão, aproveitam a ampla biblioteca que Klaus montou ao longo dos anos, com muitos títulos que lhe foram enviados da Alemanha. E assim, curtindo as lembranças, seja as de um período nada fácil, o da infância e da adolescência, durante e no pós-Guerra na Alemanha, seja as das andanças por diferentes regiões do Brasil, Klaus, ao lado de Sílvia, vivencia a paz de cada dia.

Ele foi líder espiritual e comunitário

Com tantos anos de atuação como pastor luterano em Sinimbu, era natural que Werner se tornasse uma pessoa muito conhecida e a ser consultada na comunidade, e não apenas junto aos evangélicos ligados à IECLB. No entanto, como recorda a esposa Sílvia, Klaus tinha sempre predisposição para auxiliar os munícipes em outras demandas. Com sua percepção e liderança, logo tomou a frente em questões relacionadas ao Hospital Beneficente de Sinimbu. Assumiu a presidência, que ocupou por mais de uma década, gestionando melhorias no atendimento à população.

Pastor recebeu a Gazeta do Sul em sua residência para rememorar diversas passagens de sua trajetória

Ao mesmo tempo, com sua índole empreendedora, o pastor Werner demonstrava um sentido prático, em favor da construção e da ampliação da infraestrutura na própria comunidade evangélica luterana. Assim, obras junto ao pavilhão e outras conquistas foram sendo promovidas, em conjunto e em parceria com a diretoria da comunidade. Tal comprometimento resultou que o pastor recebeu o título de cidadão de Sinimbu, em iniciativa da Câmara de Vereadores.

E mesmo no atendimento e na proximidade com os fiéis, nunca mediu esforços para visitar a todos ao longo de cada ano. “Muitas vezes, o Klaus saiu a cavalo para visitar algumas famílias em regiões mais afastadas ou de difícil acesso”, recorda Sílvia. E tais características já o acompanhavam desde jovem, quando, ainda em Capanema, tinha sob sua jurisdição como pastor 27 comunidades, algumas delas afastadas muitas dezenas de quilômetros da sede da paróquia. Nem por isso deixava de rezar mais de 30 cultos por mês, além de atender a todas as demais atividades habituais na vida comunitária.

Esse contato e convívio com a população em regiões de colonização alemã, se eram exigentes e cansativos, por outro lado lhe proporcionavam uma alimentação muito mais variada do que a anteriormente disponível na Alemanha pós-guerra. A ampla oferta de proteína animal era um desses diferenciais. Klaus recorda que ao final dos primeiros seis anos de sacerdócio no Brasil, quando pôde fazer a primeira viagem de retorno a seu país natal, passara dos costumeiros 72 quilos que pesava para cerca de 96 quilos. Com isso, entendeu que devia fazer um regime e voltar ao peso anterior para assim se apresentar aos familiares, e de fato o conseguiu.

Mais tarde, já radicado em Santa Cruz, habituou-se a saborear com frequência um chimarrão em família, com direito a térmica do Grêmio, clube para o qual passou a torcer. Tornou-se, então, um alemão de nascimento que virou gaúcho de coração.

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