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Pastor presbiteriano será o novo ministro da Educação

Depois de disputas entre as diversas alas que compõem o governo, que duraram mais de 20 dias, o presidente Jair Bolsonaro escolheu o pastor presbiteriano Milton Ribeiro para chefiar o Ministério da Educação (MEC) nessa sexta-feira, 10. É o quarto ministro da atual gestão. Apesar de religioso, ele não foi indicado pela bancada evangélica do Congresso e não era o preferido dos militares. Ribeiro é advogado, teólogo e um estudioso da religião, especialista em calvinismo e Antigo Testamento.

A articulação de seu nome, que surgiu na semana passada, foi atribuída ao ministro-chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, e ao ministro da Justiça, André Mendonça, também presbiteriano. Entre as características que fizeram com que Ribeiro fosse escolhido, está o “apreço à família e aos valores”. Ribeiro foi vice-reitor do Mackenzie, quando o reitor era o ex-governador Claudio Lembo, mas é desconhecido entre especialistas da educação.

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Em mensagem a amigos, após ser anunciado, ele disse que acreditava ser a “hora de darmos atenção especial à educação básica, fundamental e ao ensino profissionalizante” e de “incrementar o ensino superior e a pesquisa científica”. Ele ainda disse que trabalharia em articulação com os estados, municípios e seus gestores “para mudar a história da educação do nosso País”. Falou em tom de conciliação, dizendo que é hora de “um verdadeiro pacto nacional pela qualidade da educação em todos os níveis”. “Precisamos de todos: da classe política, academia, estudantes, suas famílias e da sociedade em geral. Esse ideal deve nos unir.”

Ribeiro é reverendo da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração, em Santos. É ainda membro da Comissão de Ética Pública da Presidência, nomeado por Bolsonaro. O grupo é responsável por apurar a conduta de integrantes da administração pública federal e de analisar possíveis conflitos de interesse no serviço público. Ao anunciá-lo, o presidente frisou seu doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo, feito em 2006. A USP já confirmou a autenticidade do título acadêmico. O trabalho dissertou sobre a educação escolar como “pressuposto da organização institucional calvinista e não apenas seu resultado”. Suas pesquisas foram em decisões oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil sobre educação. Quem o conhece diz que ele é um pesquisador da área religiosa e não um especialista em políticas educacionais. É conservador, sem postura ideológica – um homem educado e discreto.

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REAÇÕES

O Conselho Nacional de Secretários de Educação divulgou nota dizendo que nada comentaria sobre a indicação. Segundo o Estadão apurou, os secretários não têm o que dizer porque mal o conhecem. O Semesp, entidade que reúne universidades particulares, afirmou que “reconhecidamente o novo ministro acumula experiências exitosas em sua trajetória profissional e elas deverão contribuir para que a educação brasileira resolva as questões de acesso e oferta de oportunidades de aprendizado com qualidade”.

Seu nome não teria agradado também à ala evangélica que apoia Bolsonaro. O grupo havia indicado o atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correa. “Não posso falar nada contra o novo ministro porque seria uma injustiça, eu não o conheço. Mas não venha dizer que ele é apoiado por evangélicos, que nós não temos nada com isso. É uma escolha do presidente”, disse o pastor Silas Malafaia.

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A especialista em educação Anna Helena Altenfelder disse não conhecer o novo ministro, mas observa que ele “vem de uma universidade comprometida com a produção do conhecimento e a produção científica”. Ela aponta que um dos principais desafios será promover o diálogo com as entidades de educação. “(A questão ideológica) é uma preocupação que a gente sempre tem com esse governo.”

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Vídeo

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Após o anúncio da nomeação, publicações nas redes sociais recuperaram vídeo do pastor, publicado há quatro anos pela Igreja Presbiteriana Jardim da Oração, em que ele fala sobre a “vara da disciplina” e a importância de disciplinar as crianças. “A correção é necessária para a cura”, disse. “Não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves. Deve haver rigor, severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: deve sentir dor.”

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