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Parceria para campanha de acesso do Santa Cruz em 1997 completa 25 anos

Santa Cruz obteve acesso histórico em 1997 com modelo de parceria

Momento marcante entre tantos acontecimentos dos 109 anos de existência do FC Santa Cruz, a chamada parceria entre clube e atletas de 1997 foi uma iniciativa inédita que recolocou o Galo na elite gaúcha, com os jogadores sendo pagos pelo dinheiro arrecadado com a venda dos ingressos para os jogos no Estádio dos Plátanos.

Detalhes da empreitada estão no nono capítulo do livro Orgulho Centenário, lançado em 2013 pela Editora Gazeta. Naquele ano de 1997, o Santa Cruz estava mergulhado em uma crise financeira, após investimentos pesados no ano anterior, sem resultado dentro de campo. Com isso, Valcir Dalla Rosa, o Gringo, foi conduzido à presidência. A citada parceria ocorreu com o auxílio do empresário Guido Knak, que formaram a comissão técnica e um elenco com dez jogadores, que atuariam em troca da renda. A ideia deu certo e o Santa Cruz conseguiu o acesso. No mesmo ano, disputou o pentagonal da elite, inclusive com um empate em 1 a 1 com o Grêmio, em um Estádio dos Plátanos lotado.

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Para Gringo, em depoimento para o livro, o time era muito bom tecnicamente, com a característica de não desistir diante das adversidades. Muitas vitórias foram conquistadas depois dos 40 minutos do segundo tempo. “Foi uma relação de união entre os atletas e harmonia deles com o clube”, salienta. Se o modelo fosse um fracasso, o Santa Cruz teria muitas dificuldades para se reerguer, já que existiam correntes contrárias ao formato adotado.

O elenco inicial contou com Almir, Tite, Darley Costa, Careca, Kiko, Marcos Rivelino, Ivan Trevisan, Lúvio Trevisan, Geraldo Coalhada e Sávio. Outros nomes vieram da base, como Serginho, Marquinhos, Zé Rosa, Carlos Alberto, Ramos, Fábio Porquinho, Mateus Porto, Rangel e Everton Severo. O clube conseguiu patrocínios da Souza Cruz e Philip Morris para contratar o meia Áureo, o atacante Rogerinho e o centroavante Paulo Roberto. Além de jogador, Lúvio Trevisan era o preparador físico e José Carlos Chaves, o Chaveco, era o treinador. O supervisor era Júlio Batisti.

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Os treinamentos eram realizados no Parque da Oktoberfest. Havia um clima de pessimismo, que foi logo afastado com a vitória da estreia por 3 a 2 diante do Guarani-VA, um dos elencos mais destacados da época. Na campanha, foram oito vitórias, dois empates e três derrotas. Santa Cruz e Guarani-VA subiram e disputaram o pentagonal semifinal da Série A no mesmo ano. O Galo ficou na elite até 2013, ano do centenário, quando foi rebaixado para a Série A2.

Memórias de 25 anos atrás

Marcos Rivelino, atual comentarista da Rádio Gazeta FM 107,9, integrou a parceria na terceira passagem pelo FC Santa Cruz. Fazia faculdade de Educação Física e trabalhava no departamento de esportes da Prefeitura. Segundo ele, o time foi montado às pressas. Sem dinheiro, o clube estava na Série B desde 1994, com dificuldades até para arrumar um presidente.

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O então cabeleireiro Guido Knak, amigo dos boleiros, fez uma reunião na casa dos pais dos irmãos Lúvio e Ivan Trevisan, atletas que estavam sem contrato e moravam em Santa Cruz do Sul. Rivelino foi convidado para a reunião. “Aceitamos jogar pela renda dos jogos como salário. Tivemos menos de três semanas para treinar e enfrentamos um dos favoritos ao acesso, o Guarani-VA, do Mano Menezes, que investiu bastante naquela temporada. Lembro que todo jogo torcíamos para que o público viesse. Quebramos uma invencibilidade do Guarani em clássicos e vencemos por 3 a 2”, destaca.

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Na avaliação de Rivelino, o time era muito bom, experiente e com jovens promissores de muita qualidade no plantel, com destaque para Everton Severo. Mesmo sem muita estrutura, a equipe fez uma campanha invicta nos Plátanos, com público sempre acima de 1,5 mil espectadores. “Não entramos como favoritos, mas acabamos subindo depois de vencer o 15 de Campo Bom fora de casa por 2 a 1. Infelizmente, sofri uma lesão grave no joelho na fase decisiva e assisti das arquibancadas aquela façanha do Galo em 1997. Acredito que, pelas circunstâncias, jamais se repetirá no futebol. Aquele grupo foi unido, resiliente, tinha amor à camisa e vontade de fazer história”, salienta.

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Uma loucura que deu certo

Naquele ano, o Santa Cruz vivia um momento de indecisão se participaria ou não da Segunda Divisão. Se não confirmasse presença dentro do prazo, seria rebaixado automaticamente. Guido Knak foi convidado por Paulo Hardi Kirst e Paulo Almeida, do conselho deliberativo, para formar uma equipe. Knak conhecia os atletas da região e convidou os que estavam desempregados.

“Fui na casa do Lúvio, o Ivan, o Geraldo Coalhada e o Marcos Rivelino estavam lá também. Falei que o Santa Cruz precisava de jogadores, mas sem dinheiro. O Ivan deu a ideia de ter o pagamento por meio da renda. O clube colocou o Valcir Dalla Rosa como presidente e montei o time com um salário associado à arrecadação das bilheterias. Eles ainda tinham patrocínios e a copa para manter o clube. Não havia interferência no futebol. Eu que comandava”, explica Knak.

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Com os jogadores fora de forma, o primeiro coletivo foi um fiasco. Uma goleada para o time juvenil do Galo. Knak observou os garotos e promoveu alguns jogadores. Chaveco foi chamado para treinar a equipe. O goleiro Almir, campeão do mundo pelo Grêmio, que já havia parado, apareceu com a chuteira embaixo do braço. “Eu posso jogar, mas não posso me atirar muito que tenho dor nas costas”, relembra Knak.

No amistoso contra o Taquariense, o Santa Cruz ganhou por 2 a 1. O ingresso custou R$ 5,00 e o público foi satisfatório. A estreia na competição era contra o Guarani-VA. “Eles tinham um timaço, mas nós fomos iluminados. O jogo seria domingo, mas choveu demais. Acabou sendo na terça-feira. Veio toda Venâncio Aires para cá esperando uma goleada. Fizemos um esquema ‘padaria’: defende em bolo e ataca em massa. Ganhamos por 3 a 2. O gol saiu bem no fim, com o gol do Everton Severo”, conta.

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Everton Severo foi orientado a não se preocupar com a marcação e ser incisivo no ataque. Tornou-se o destaque da campanha, com a camisa 10. A vitória na estreia deu um novo ânimo e quatro jogadores foram contratados pelo clube, em auxílio à parceria. “A renda era boa, mas os jogadores ganhavam só nos jogos em casa. Apenas os contratados pelo clube ganhavam salário. Ficamos invictos nos Plátanos, mas nossa campanha fora ficou abaixo”, salienta Knak.

Já com o acesso garantido, o Santa Cruz foi para a fase de enfrentamentos com os times da elite, como era a fórmula da época. Knak pediu que o último jogo fosse nos Plátanos contra Grêmio ou Internacional. A FGF, presidida por Emídio Perondi, atendeu o pedido. “Se a gente jogasse o primeiro em casa, os jogadores receberiam um bom dinheiro pela renda e depois poderiam deixar o clube. Foi uma estratégia acertada porque conseguimos ir até o fim”, explica. O Santa Cruz empatou com o Grêmio em 1 a 1. Transformou-se em sensação do Brasil, com direito a reportagem na revista Placar. Knak foi chamado para aplicar o modelo em outros clubes, mas recusou os convites. “Só funcionou no Santa Cruz porque eu conseguia os jogadores”, comenta.

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