Santa Cruz do Sul

Paralisação das obras da Fase provoca transtornos

A paralisação das obras do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (Fase-RS) tem sido motivo de reclamação entre os moradores do Corredor Zanette, no Bairro Esmeralda. Suspensa desde dezembro de 2021, a construção tem ares de abandono, o que causa incômodos à vizinhança.

Sem a manutenção adequada, o mato avança para além da área onde o centro estava sendo erguido. Para a aposentada Fátima Regina Zinn, de 53 anos, a situação preocupa. Segundo ela, animais peçonhentos – sobretudo cobras e aranhas – começaram a aparecer na sua residência. “E falam tanto em dengue, mas próximo da construção se formaram muitos locais propícios para o foco de mosquitos”, disse.

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No entanto, o principal receio de Fátima é a insegurança. Ela teme que a construção abandonada atraia foragidos que desejam se esconder da polícia. Alegou ter testemunhado pessoas suspeitas circulando pelo entorno. “Acabou se transformando em um local para pessoas se esconderem. Tenho medo que isso possa aumentar a criminalidade no bairro”, alertou. A moradora reforça que a obra não poderia ser instalada tão próximo das residências. “Deveriam construir em um ponto mais isolado, longe das casas”, afirmou.  Atualmente, o local conta com segurança armada.

Contudo, os problemas não se limitam à paralisação das atividades. Nos dias em que os trabalhos aconteciam, o acúmulo de sujeira e resíduos era uma das principais consequências. E, quando chovia, o material acabava sendo levado pela água e invadia os pátios. “Era muito lodo”, recordou Fátima.

Para o industriário Antônio Kappenberg, 56 anos, a paralisação dos trabalhos trouxe alívio. Segundo ele, o tráfego constante de caminhões causava diversos problemas para ele e os vizinhos. Além de atrapalhar o trânsito, o barulho tirava o sossego nos arredores. “Era um transtorno. Especialmente para mim, que trabalho à noite e fico em casa durante o dia, tendo que lidar com a barulheira dos veículos”, relatou.

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Kappenberg: obra trazia consequências
Fátima está preocupada com a segurança

Embora o avanço da vegetação junto à estrutura não o incomode, Antônio defendeu os moradores que se sentem afetados. “Nós não queríamos que fosse construído aqui. Fizemos protesto, mas mesmo assim foi aprovado e agora virou esse elefante branco que não sabemos quando vai ser concluído. É um desperdício de dinheiro público”, criticou.

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Outro lado

Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo afirmou que a manutenção do terreno será feita em breve. Em relação ao andamento das obras, a pasta informou que o processo sobre a retomada do projeto está em fase de revisão do material técnico. Após esse fluxo, será encaminhado para licitação, o valor é de R$ 11.873.870,00. O Case de Santa Cruz do Sul encontra-se com 55,4% dos serviços executados.

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Entenda

Localizada no Bairro Esmeralda, a estrutura do Case da Fase-RS – com capacidade para atender 60 jovens infratores de 58 municípios da região – começou a ser construída em fevereiro de 2020. No mesmo ano, em março, o governador Eduardo Leite chegou a participar do lançamento da pedra fundamental. Ele voltaria ao município em julho de 2021 para vistoriar o andamento da intervenção. 

Os trabalhos deveriam ter sido concluídos em abril de 2021, mas houve prorrogação. Porém, em dezembro do mesmo ano, a Sial Engenharia, empresa responsável pela execução dos serviços, pediu a rescisão do contrato.

O governo do Estado chegou a abrir nova licitação para o certame, mas não houve interessados. Depois houve a contratação de consultoria para atualizar o material técnico e indicar ajustes para viabilizar a obra. Depois de pronto, o complexo será composto por sete prédios em área de 4,5 mil metros quadrados, em um terreno de 40 mil metros quadrados no fim do Corredor Zanette. Dos R$ 21,4 milhões previstos no Case, R$ 12 milhões já foram investidos na construção.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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Julian Kober

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