Investigações e conclusões das sucessivas etapas da Operação Lava Jato têm em comum a revelação das muitas contas bancárias e depósitos nos ditos paraísos fiscais. 

Nesse aspecto, não há nada de novo. “Paraísos fiscais” é uma história antiga.  A novidade são os expressivos valores acumulados nessas contas. Regra geral, fortunas mal havidas pelos espertalhões de todo calibre. 

Outra revelação e conclusão decorrente é que os atuais acordos e tratados entre as nações não são suficientes e capazes de proporcionar a identificação e aprisionamento de muitos bandidos de colarinho branco. Que dirá obter a recuperação do dinheiro. 

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Faz falta um acordo ético entre as nações. Que pressuponha uma política e uma legislação mais rígidas tocante a depósitos e movimentações financeiras, sobretudo quanto às suas origens. Lógico, esse desejo é um sonho, um delírio. Afinal, muita gente (e países) ganha com estes “depósitos”. 

Originariamente, “os paraísos fiscais” eram províncias e países com políticas generosas de atração de depósitos, liberdade de movimentação de capitais e tributação moderada ou inexistente. 

Esses aspectos legais motivavam, inclusive, muitas empresas a deslocarem suas sedes fiscais. Ainda hoje alguns bancos garantem o absoluto anonimato do depositante! 

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Mas o que vigora é um cinismo, uma hipocrisia. Afinal, são liberalidades e garantias responsáveis por abrigar dinheiro mal havido, fruto de fraudes fiscais, negócios de drogas, comércio ilegal de armas, propinas e licitações fraudadas, entre outros e variados exemplos. Um cenário que não se sustenta moral e eticamente. Aliás, são os países mais pobres e dependentes as vítimas habituais dos clientes preferenciais desses bancos e países. 

Ingenuamente, caberia perguntar-se ao povo dessas nações (sede dos paraísos), e às famílias dos proprietários e acionistas desses bancos, cujas administrações são tão generosas com os ladrões, se realmente defendem estas idéias, estes modelos, notadamente face à absoluta globalização de atitudes e preocupações universais. 

Esta crítica cresceu logo após o ataque às torres gêmeas de Nova York. “Os paraísos” não abrigavam apenas ladrões de cofres públicos, corruptos e corruptores, mas também os interesses financeiros e estratégicos de terroristas. 

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Resulta que, finalmente, uma mudança neste cenário (fim dos paraísos) poderá ocorrer não por razões éticas, mas por absoluto medo.  “Os paraísos fiscais” são a sombra e a escuridão na qual agem os delinquentes. Como diriam os romanos, em português: quem procede mal, odeia a luz!

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