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Para professor da Unisc, linha ‘paz e amor’ apresentada pelo Talibã é forma de maquiar o momento

O asiático Afeganistão voltou a atrair a atenção do mundo político. No domingo, 15, o grupo político/militar/étnico Talibã anunciou a tomada do palácio presidencial, o que fez com que o presidente Ashraf Ghani deixasse o país, em direção ao vizinho Tajiquistão, e o vice-presidente Amrullah Saleh se apresentasse como sucessor legítimo, apesar de estar com localização incerta.

Essa não é a primeira vez que o comando afegão está em mãos Talibãs. A identificação religiosa e as bandeiras defendidas por eles costumam atrair apoio de muitos populares. Esse incentivo fez com que permanecessem no comando entre 1996 e 2001. A saída se deu, conforme conta o professor de Relações Exteriores da Unisc, Bruno Mendelski, com o acordo entre Talibã e o grupo Al-Qaeda, comandado à época por Osama bin Laden. “O ataque de 11 de setembro, nos Estados Unidos, fez com que os americanos solicitassem o fim dessa parceria com a Al-Qaeda, o que foi negado pelo governo afegão”, destaca.

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Com apoio de outras nações, os EUA lideraram uma ação bélica para capturar Bin Laden e derrotar a organização, assim como destituir o Talibã. Americanos e aliados ficaram no país até o governo de Donald Trump, que assumiu o compromisso da retirada das tropas, o que foi acelerado com o início da gestão Joe Biden.

Professor Bruno Mendelski avalia situação atual e histórica do Afeganistão

Essa saída acabou abrindo espaço para a retomada Talibã, afinal, mesmo sem estar em evidência, nunca deixou de existir. Mendelski não acredita em uma volta das tropas americanas para o Afeganistão. “Mesmo tendo sido muito cobrado por uma eventual precipitação da retirada, Biden devem manter a sua posição, pois caso mudasse de ideia, estaria assumindo que a decisão anterior seria equivocada”, explica. Soma-se a isso a questão financeira. A guerra custou mais de 1 trilhão de dólares e muitas vidas perdidas.

Paz e amor

O novo governo Talibã tem se apresentado bem diferente do exercido entre 1996 e 2001, quando eram mais isolados, sem o apoio e reconhecimento da maior parte dos países. “Agora, aparece mais pragmático, mas acredito que seja uma forma de maquiar o momento, pois dificilmente mudarão as suas práticas”, diz o professor Mendelski.

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Na tentativa de mostrar essa possível mudança, ou maquiagem de um governo diferente, na linha “paz e amor”, mantendo as normas da lei islâmica, o porta-voz Zabhullah Mujahid afirmou que o grupo deve manter o respeito aos direitos das mulheres – tema que era muito debatido no período anterior, devido às restrições impostas a elas.

Histórico de luta

O Talibã ganha força no Afeganistão, sobretudo, pelas tentativas de presença externa. Ainda sob os efeitos da Guerra Fria, a antiga União Soviética havia tomado o país. Com apoio financeiro dos Estados Unidos, o povo foi armado e instruído para a retirada russa. Assim se alimentou o grupo e o sentimento nacionalista. Com a saída soviética, os afegãos ficaram apegados a armas e o Talibã acabou assumindo o governo com uma ideia político/militar/étnica.

O professor Mendelski acredita que, nessa oportunidade de retomada do poder, se a direção do país se mantiver distante das polêmicas – além das já mostradas para o mundo, com grupos de pessoas se agarrando em aviões em movimento para tentar fugir -, sem a prática de atos violentos contra a humanidade, a tendência é que, logo, o Afeganistão deixe de ser notícia e o Talibã exerça mais um período de comando no país.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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