Tenho notado a existência de um bem visível “vazio espiritual” em boa parte das pessoas que nos cercam, ou boa parte da nova geração. Uma geração marcada muito pela ambição desenfreada, pelo afrouxamento de princípios morais, por total dependência tecnológica, e, por efeito, ansiedade permanente e distanciamento da real felicidade tanto ansiada.

O momento da véspera do Natal, com sua potente mensagem de amor, mas de simplicidade, é oportunidade para ser aproveitada não só para festas, mas para repensarmos nossas atitudes e buscar preencher esse vazio, essa lacuna que se mostra tão evidente, assim como as formas de busca se apresentam geralmente tão superficiais e efêmeras.

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As cerimônias natalinas normalmente já atraem maior presença nas igrejas do que ocorre normalmente, demonstrando a necessidade desse reencontro, que poderia ser mais duradouro. Este momento poderia representar um ponto de inflexão nesse afastamento que se estabeleceu, pelo menos nos templos mais tradicionais, e levar a uma aproximação mais rotineira, inclusive para junto dos seus líderes e aconselhamentos.

Ainda que se observe, e compreenda, a busca também de outras formas de preenchimento desse vazio, a valorização de tradições que fizeram muito bem a nossos antecedentes, em ano no qual deles mais lembramos com as comemorações de datas representativas da imigração alemã, é algo para ser considerado com maior atenção e carinho por todos nós que temos essa ligação.

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Assim, é de se almejar que os encontros festivos possam servir também para revigorar esse aspecto mais desleixado de modo geral, para que os momentos felizes possam incluir o compromisso de fazê-los perdurar por mais tempo, para que as relações (de casal, de amizade, de trabalho…) possam ser mais sólidas e responsáveis.

Para que enxerguemos melhor o coração e o interior das pessoas e não apenas aparências, para que vejamos além do nosso umbigo, para que tanto o nosso corpo e o nosso espírito possam estar mais sãos, entendendo que um não vive bem sem o outro.

Que as preces feitas e as canções entoadas possam ser absorvidas em suas valiosas mensagens e não apenas formais. “Que a luz de Cristo brilhe, nos envolva em amor e que seu poder nos venha proteger para sempre”, como diz um dos cantos mais presentes em eventos de corais e orquestras, junto com o “Noite Feliz”, cantado ao “Deus de amor e da luz”, buscando “a conexão ou reconexão com a força criadora superior”, como citaram bem seus maestros e regentes.

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Que os abraços nos reconectem com nosso ser mais profundo, reacendam o calor espiritual e divino, e os bons sentimentos gerados encontrem terreno fértil para continuarem germinando por todos os dias. Lembrando, para tanto, que somos pessoas falhas, mas que erram menos na convivência humana quando abertas ao que, mesmo sendo simples, é superior, esparge luz e harmonia para o nosso dia a dia.

Que possamos usar e vivenciar, entre tantas palavras que estiveram em destaque no ano, menos a “polarização” e até “brain rot” (cérebro pobre), e mais outras amigáveis, como “solidariedade” e “resiliência”. Tudo isso para que o verdadeiro amor (“der echte Liebe”, e assim lembrando a que deve ser a nossa inesquecível língua alemã), tenha lugar para renascer em todos nós.

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