Os ataques que deixaram 129 mortos e 350 feridos em Paris, na França, chocaram o mundo. De autoria do grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI), o atentado terrorista foi justificado pelos radicais pelo fato do país francês ter “ousado insultar nosso profeta, se vangloriar de combater o islamismo na França e atingir os muçulmanos na terra do califa com seus aviões”. No entanto, para o muçulmano que vive em Santa Cruz, Mohamad Mustafá Husni Ali, os ataques “denigrem a imagem do islamismo” e foram realizados sem o “respaldo do mundo islâmico”.
Nascido em Santa Cruz do Sul, mas com origem palestina e seguidor do islamismo, Ali comentou sobre os atentados em entrevista à Rádio Gazeta na manhã desta segunda-feira, 16. Para ele, a religião não pode ser usada como explicação para os atentados que ocorreram na França. “Não posso acreditar que um verso possa provocar ataques. Não há crença que apoie barbárie”, comentou. “Não fundamentaria a violência pela religião, mas algumas igrejas que têm líderes malucos que interpretam de modo violento a questão religiosa”, completou.
Ali também contou que é contra o Estado Islâmico, o qual classificou como “amoral do ponto de vista islâmico e árabe”. No entanto, ele salientou que os bombardeios franceses em Raqqa, cidade no norte da Síria que é uma das bases do grupo extremista, nesse domingo, 15, não são a melhor forma de retaliação. “A política do olho por olho, dente por dente, é muito perigosa. Esse ódio vai deixar todo mundo cego para o mais importante, que é a violência”, afirmou. “É preciso olhar para os lados e ver a raiz do problema. Não é uma guerra de civilizações. São grupos pequenos que usam religião para trazer simpatizantes”.
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Para Ali, o que aconteceu em Paris foi uma aberração. Do mesmo modo, ele alertou que o que acontece no Oriente Médio diariamente também é lamentável. “Se olharmos foto da Síria, ela está toda destruída”, finalizou.