Na semana em que se completam três anos da reabertura do comércio não essencial em Santa Cruz do Sul, que ficou mais de 20 dias fechado em 2020 em função da pandemia de Covid-19, o médico infectologista Marcelo Carneiro recordou o período em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. Para ele, o fechamento naquele momento foi inadequado, tendo em vista a situação epidemiológica do município, muito mais tranquila na comparação com outros. Falou ainda sobre os aprendizados que o coronavírus deixou para a população e a comunidade médica.
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Carneiro explica que o equívoco não foi a suspensão das atividades sociais e comerciais, visto que isso era necessário para evitar a disseminação do vírus e a evolução de pacientes para quadros graves e que necessitavam de internação. “O erro foi que em março ainda não estava na hora de fazer isso, nem em abril, maio, junho ou julho. Em agosto e setembro é que piorou, mas ainda bem menos do que em 2021, que foi extremamente grave”, afirma.
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Ao comentar o uso de máscaras, o médico afirma que elas são eficazes, desde que feitas com o material apropriado e utilizadas da maneira correta. “A nossa população nunca foi treinada para utilizar, então usava máscara do jeito errado, com o nariz de fora e feitas de tecido porque não tinha a certa para todo mundo”, observa. Para ele, o movimento mais importante teria sido iniciar a vacinação da população geral em janeiro de 2021, como faziam os Estados Unidos e diversos países da Europa.
“Nós vacinamos primeiro profissionais da saúde e idosos por falta de doses, e aí quem morreu foram homens e mulheres de 40 e poucos anos, de causas que poderiam ter sido evitadas.” Carneiro diz que foi muito impactante tratar homens com idade semelhante à dele e filhos com a mesma idade dos dele, e que estavam morrendo em decorrência de uma doença para a qual já existia vacina. “Falam que a vacina chinesa não era boa. Era o que tinha naquele momento, e é só a gente ver que depois de fazer ela, os profissionais de saúde começaram a morrer muito menos.”
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Marcelo Carneiro tratou ainda sobre a eficiência dos imunizantes com uma analogia. “Se eu estou em um carro com cinto de segurança e air bag, ainda posso morrer em um acidente. Na saúde é a mesma coisa, não existe sim ou não, tem outras variáveis interferindo.” Nesse sentido, citou a prevalência da doença no Rio Grande do Sul, que hoje é de cerca de 1,6%. “É pouco, mas a gente viu o que aconteceu quando duas em cada cem pessoas pegavam Covid em 2021. Não tinha lugar para internar, e os carros funerários faziam fila na frente do hospital.”
No entendimento do médico, hoje a sociedade vive praticamente sem restrições e com uma rotina semelhante à que existia em 2019. “Nos tornamos mais medrosos, críticos e desconfiados, a gente não aceita mais qualquer coisa.” No caso das crianças, diz que a vacinação é recomendável somente para as que já possuem complicações e que o perigo não é a Covid-19, mas sim a Síndrome Inflamatória Pós-Covid, que é grave. “Os pais que têm filhos com doenças de base sabem como é ruim quando eles ficam doentes, diferente dos que têm crianças saudáveis. A gente precisa ter muita ponderação e bom senso.”
Na entrevista, Carneiro falou ainda sobre a vacinação contra a Influenza. Da mesma forma, voltou a garantir a segurança do imunizante e salientou que os idosos, imunodeprimidos e pessoas com doenças crônicas são os que mais devem se proteger, mas qualquer pessoa pode fazer.
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