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Para fazer parte da conferência

O setor do tabaco no Brasil ocupa-se em, desde já, saber o teor do posicionamento que será levado pelo governo à 10ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco (CQCT), instância da Organização Mundial da Saúde (OMS) que gestiona acerca dos impactos do tabagismo sobre a saúde. Esse décimo encontro vai ocorrer na Cidade do Panamá, em novembro.

Na sexta-feira, audiência realizada na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul constituiu oportunidade para debates entre lideranças públicas e privadas da região, que, afinal, têm sua economia apoiada sobre a produção, o processamento e o comércio das folhas de tabaco. Estas, cumpre referir, se são colhidas nos três estados do Sul, têm cerca de 90% do volume negociado para mais de cem nações. A reunião em Santa Cruz, na verdade, seguiu-se a outra realizada no dia anterior, quinta-feira, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Esses eventos tiveram ampla repercussão e, no caso do ato em Santa Cruz, cobertura pela Gazeta, como o jornalista Marcio Souza detalha nas páginas 4 a 6 desta edição.

Essa mobilização de lideranças de todos os elos do setor é justificada. Afinal, a CQCT é um tratado público, assinado no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas, enquanto Conferência das Partes (no caso, dos países signatários), até em contradição com sua própria denominação e afrontando a equidade e a isonomia que deveria pontuar qualquer iniciativa desse gênero, veda a presença de algumas partes da própria sociedade. No caso, justamente dos mais diretamente interessados ou implicados em qualquer decisão: os produtores e todos os que têm a história de sua vida apoiada sobre esse setor, legal, legítimo e com ampla, histórica e reconhecida contribuição social.

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Em suma: não seria exagero dizer que a COP, desde o princípio, mostrou-se um tanto viciada. E mais viciada nos propósitos se tornou a cada novo encontro: a ponto de organizações não governamentais (ONGs), de origem e de atuação duvidosa (para dizer o mínimo), movimentarem-se no ambiente das conferências como se governos ou representantes oficiais fossem. Como assim? ONGs podem transitar, influenciar (e, não raro, quase determinar, tamanha a liberdade com que seus representantes se aproximam de lideranças), mas a cadeia produtiva não? Por vezes, a quem cobre uma COP (e, pessoalmente, estive em três, nas de Moscou, Nova Délhi e Genebra), fica a nítida impressão de que ali está se tratando de muita coisa, de quase tudo, menos de saúde.

Por isso, cabe ao governo brasileiro questionar (e, com urgência, elucidar) a que exato fim se destinam campanhas que cada vez menos miram saúde e cada vez mais miram… negócios. No caso, os negócios do Brasil! Até porque, em grande medida, tais campanhas só prosperam porque certas instâncias do governo brasileiro mostram-se particularmente volúveis, bem ao contrário do que ocorre na ampla maioria dos países. Bom final de semana!

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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