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Candelária

Para evitar, é preciso sim falar sobre o suicídio

Agentes comunitários de saúde estiveram reunidos no auditório da Associação do Comércio e Indústria de Candelária (Acic) na tarde desta quarta-feira para dialogar sobre um tema que preocupa e ganha cada vez mais espaço no Vale do Rio Pardo: o suicídio. Na oportunidade, o psiquiatra Fernando Godoy Neves, dentro do tema Vamos falar sobre suicídio, comentou sobre a importância de não “calar” o assunto e disseminar informações de prevenção a fim de que mais pessoas tenham acesso a um tratamento adequado. “É preciso desmitificar essa história de que não podemos falar. É só a pessoa que fala o que está sentindo que consegue buscar ajuda e, por consequência, ‘perde’ a ideia de morrer”, disse. 

O especialista também voltou o olhar para o homem do campo, grupo de risco que, muitas vezes, não tem acesso a assistência. Segundo Godoy, é preciso buscar mais estratégias para que as pessoas do meio rural também sejam atendidas em sua totalidade. “Hoje é evidente que a zona urbana tem mais facilidade. Mas e quem não chega nem até a atenção básica e sequer é abordado sobre o problema?”, questionou.

Na esteira deste processo, o extensionista rural da Emater-Ascar/RS, Sanderlei Pereira, que também participou do debate ao lado de enfermeira Daniela Schneider, acrescentou que mesmo o tabaco sendo um problema por conta do agrotóxico e da sua relação com a depressão, é preciso orientar os produtores rurais para que se protejam e utilizem os equipamentos de proteção individual (EPIs).

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“A cada quatro suicídios, três se dão no meio rural. É de olho nesse índice que muitas vezes acabamos conduzindo os produtores para a rede de saúde”, disse. Na visão de Pereira, que trabalha diretamente com o público, Candelária precisa – por meio da rede de saúde e da própria Emater – aumentar a abrangência geográfica de assistência aos agricultores. Hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa morre em decorrência do suicídio. O seminário Suicídio na Pauta foi o fechamento das atividades do Setembro Amarelo em Candelária.

Conversar é fundamental

Na visão do psiquiatra Fernando Godoy Neves, é preciso desmitificar a visão de que a pessoa que vai se matar não fala. Segundo ele, manifestações como “Não vejo mais sentido em nada”, “Para que estou vivo?” ou “Sou um peso para todo mundo” podem indicar alguma tendência ao suicídio.

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“Às vezes esses sinais são sutis. Por isso, quem está na escuta, seja  algum familiar, amigo ou companheira(o), precisa dar atenção e não rechaçar esses comentários.” Godoy acrescentou que o simples fato de conversar já alivia a angústia das pessoas que apresentam tendência a tirar a própria vida.

Em menos de dois anos, 64 tentativas

Ao longo do seminário, o psicólogo Marcos Vinicius da Rosa apresentou dados relacionados às tentativas de suicídio e aos óbitos decorrentes de atos de violência autoprovocados. Em 2016, o município registrou quatro óbitos e em 2017, até agora, foram três.

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É consenso entre a rede de saúde, entretanto, que os números são maiores e não representam a realidade, já que ainda há muitas mortes que são notificadas com outras causas. No encontro, aliás, se chamou a atenção dos profissionais da saúde para a precisão na hora da notificação. 

Os números de Candelária também evidenciam que entre 2016 e 2017 as mulheres foram as que mais tentaram tirar a própria vida: são 44 registros ao todo. Já os homens somam 20. Apesar de somar menos tentativas, são as pessoas do sexo masculino que concluem o ato. “Estudos mostram que as mulheres estão mais abertas a procurar ajuda Já os homens são historicamente mais resistentes. Por isso a importância de direcionar  um pouco mais a atenção da saúde pública também para eles. Precisamos trabalhar para eliminar este estigma”, complementou o psiquiatra Fernando Godoy. 

Entre os casos mais frequentes que levam ao suicídio estão dívidas, separações, conflitos familiares e outras questões de saúde. “Há casos de homens que se mataram que nunca procuraram ajuda.”

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NÚMEROS

2016

Óbitos: 4   Tentativas: 34

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2017

Óbitos: 3   Tentativas: 30

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