Em um endereço na Rua Sete de Julho, no Centro de Candelária, latidos, pelos e toda a folia característica dos pets já viraram rotina. Afinal, a professora aposentada Olga Maria Lenz, de 74 anos, não pensa duas vezes na hora de recolher um cachorro ou gato abandonado e levá-lo para casa. Isso acontece desde 2000, quando, junto com amigos, integrou uma ONG não registrada, mas dedicada ao bem-estar animal. Com o passar do tempo, a protetora foi tomando as rédeas da atividade e, atualmente, age de forma independente, contando com ajudas pontuais para arcar com custos de alimentação e cuidados veterinários.
Na casa de Olga, há 21 cachorros e 24 gatos. É claro que ela precisou adaptar a própria residência, para evitar qualquer incômodo para os vizinhos. Só que o espaço ficou pequeno. Foi então que ela construiu um canil no interior de Candelária. Lá, na localidade de Vila Fátima, ela acomoda outros 39 cães. Esse local foi pensado por ela e pela filha, que é veterinária, mas não exerce a profissão. “Era um terreno dividido em três partes. Fui comprando aos poucos”, contou.
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A estrutura conta com seis encerras – espécie de casa de alvenaria – em cada terreno. Em cada uma, dois ou três cachorros são abrigados. Dentro desses espaços, há casinhas individuais de madeira, para que os cachorros se protejam do sol e da chuva. Dona Olga visita todos os animais e organiza a alimentação deles, diariamente. “De manhã, recolho os pratos da noite anterior e deixo ração novinha. Também limpo tudo”, relatou.
Uma das preocupações dela é castrar a maioria dos animais recolhidos. Os cães e gatos instalados na Vila Fátima estão aptos a serem adotados, mas ela faz questão de conferir o ambiente da família interessada, para garantir que o bichinho continue a ser bem cuidado e não volte a sofrer maus-tratos. “A maioria desses animais chegaram até mim por situações de abandono e maus-tratos. Não tenho mais condições de recolher. Por isso, penso na prevenção, que é a castração e a adoção consciente”, argumentou.
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Os cães que Dona Olga mantém em casa são os mais velhos, com idades variando entre 14 e 18 anos. A professora aposentada coleciona histórias sobre bichinhos salvos à beira da morte, alguns desacreditados, que se tornaram lindos animais de estimação. “Ver o restabelecimento de um ser praticamente morto mostra a importância de lutar até o fim. Só que é uma luta que exige muita dedicação”, destacou.
A ajuda que chega a Dona Olga não é suficiente para arcar com os custos de manutenção dos animais. Assim, é do bolso dela que sai praticamente todo recurso para alimentação, serviços veterinários, castrações etc. “São seres vivos e todos são importantes. Eu me preocupo que tenha pessoas para dar sequência nesse trabalho que venho fazendo, porque não dá para parar”, observou.
Para Dona Olga, a dedicação à causa do bem-estar animal também é uma maneira de se manter ativa. “É um propósito, uma missão”, finalizou.
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