Com poucos recursos, tempo reduzido de campanha e inserções esporádicas nos intervalos comerciais de rádio e televisão, os 172 candidatos a uma das 17 vagas na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul suam a camisa para “chegar” ao eleitorado. A maioria adota uma estratégia simples, mas bem trabalhosa, para dar visibilidade às candidaturas: gastar a sola do sapato e se comunicar diretamente com os eleitores.
A Gazeta acompanhou durante uma tarde a rotina de um candidato, não identificado para evitar favorecimento. Sob sol forte, com uma bandeira no ombro e um bloco de santinhos na mão, ele percorre bairros para distribuir seu material e se apresentar aos eleitores. A tática é passar em cada casa e estabelecimento comercial e conversar com a população. Com a ajuda da esposa, o irmão e mais três amigos, ele articula a campanha. “Não prometi nada que não vou poder cumprir, muito menos fiz troca de favores. Todos os votos que eu vou ter serão limpos”, orgulha-se.
O único gasto, segundo ele, será com gasolina e com o próprio carro que utiliza para se locomover. Ele calcula que terá que desembolsar até o final do pleito cerca de R$ 500,00. O material de sua campanha restringe-se a 10 mil santinhos, cedidos pelo partido, panfletos da majoritária e uma bandeira doada pela coligação. Sua estratégia é entregar todo o material diretamente nas mãos do eleitor. “Quero falar com as pessoas e oferecer os santinhos para elas. Colocar panfleto na caixa dos correios não dá voto”, justifica.
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Apesar de ser ligado à pauta do esporte e da educação, à medida que caminha pelas ruas, monta suas propostas. “Só caminhando nas ruas e becos da cidade é que o vereador pode entender a realidade e as demandas.” Entretanto, com pouco tempo de campanha, ele lamenta que não irá conseguir passar por todos os bairros e localidades. Por isso, o foco é a Zona Sul, onde muitos moradores estão em casa durante o dia.
Estreante em eleições e com passagem em duas outras legendas, o candidato busca com a campanha se firmar na sigla atual. “Meu objetivo não é só entrar na Câmara, mas dar visibilidade para mim e meu partido, para que ele cresça”, ressalta. Em média, ele percorre os bairros entre cinco a seis horas por dia. Quando chega em casa, faz campanha por meio das redes sociais, onde posta fotos e vídeos sobre suas propostas e atividades que desenvolveu ao longo do dia.
Mesmo com mais dinheiro, estratégias são semelhantes
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Mesmo aqueles que investem mais na campanha também estão utilizando a estratégia do corpo a corpo. “Como o eleitor quase não vê os vereadores na TV, temos que conversar com o máximo de pessoas possível”, salienta outro candidato. Porém, quando dispõem de mais recursos, apostam em cabos eleitorais. “Sem esses parceiros, realmente fica difícil dar visibilidade à candidatura. Sozinho é quase impossível fazer tudo e distribuir o material.”
Apesar do desgaste da classe política, os candidatos a vereador garantem que estão sendo bem recebidos pelos eleitores. “As pessoas estão mais indignadas, mas elas tentam dar sugestões, elas querem mudar as coisas”, afirma.
Para atrair os eleitores mais jovens, eles também lançam suas candidaturas nas redes sociais. Porém, elas estão longe de ser prioridade. “O problema é que a campanha fica sendo divulgada só entre pessoas que já vão votar em mim e ela precisa atingir outras pessoas”, destaca um dos candidatos.
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Maioria gasta menos de R$ 1 mil
Passado um mês do início oficial da campanha, os 172 candidatos a vereador de Santa Cruz já gastaram juntos mais de R$ 116,9 mil, uma média de R$ 680,00 por candidato. Entretanto, segundo dados disponibilizados pela Justiça Eleitoral, apenas 30% dos que disputam uma vaga no Legislativo declararam despesas até agora. A maioria gastou menos de R$ 1 mil e pouquíssimos utilizaram volumes superiores a R$ 5 mil.
A maior parte dos gastos foi com materiais impressos, adesivos, serviços desempenhados por terceiros, combustível, locação de veículos, publicidade em jornal, produção audiovisual e encargos financeiros. Os partidos são a maior fonte de arrecadação dos candidatos. Logo atrás estão os recursos próprios e depois as doação por pessoas físicas.
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