Categories: Regional

Papai Noel não é pirata!

Semana passada, escrevi aqui na coluna sobre um mistério de Natal que intriga nossa caçula, Ágatha: como o Papai Noel consegue descer pela chaminé? Qual a mágica que o Bom Velhinho utiliza para esgueirar-se por um espaço tão estreito? Será que ele – conforme narrei à Ágatha no ano passado – realmente consegue diminuir seu próprio tamanho, adotando aspecto semelhante ao do Pequeno Polegar? Ou será que ele – de acordo com teoria que eu, descuidado, apresentei à caçula já este ano – tem o poder da elasticidade, podendo converter-se em um imenso minhocão vermelho e de botas?

Para Ágatha, contudo, o importante é que os poderes mágicos do Papai Noel, independentemente de quais sejam, realmente funcionam. Esta semana ela teve provas disso, ao constatar que sua cartinha, com a lista de pedidos endereçados ao Bom Velhinho, simplesmente desapareceu. O mesmo ocorreu à carta escrita pela irmã um ano mais velha, Yasmin.

– Deixamos as duas cartas perto do pinheiro – relatou-me Ágatha. – No outro dia, não estavam mais lá. De algum modo, Papai Noel entrou aqui em casa à noite e levou as cartinhas.

Publicidade

Por curiosidade, eu havia espiado as cartas antes que o Papai Noel as levasse. Reparei que as gurias capricharam nos adereços, ilustrando as correspondências com desenhos de árvores de Natal, renas e trenós. Tentaram passar uma boa impressão ao Bom Velhinho, considerando que ele ainda precisava avaliar, cuidadosamente, se ambas comportaram-se bem ao longo do ano.

● ● ●

Mas então a caçula surgiu com mais uma dúvida, esta bem angustiante. Relatou-me ter visto uma ilustração da fábrica do Papai Noel, sediada no Polo Norte, na qual o Bom Velhinho aparecia produzindo brinquedos com ajuda dos duendes.

Publicidade

– Pai, no desenho o Papai Noel tinha serrote e martelo, e fazia brinquedos de madeira. O problema é que pedimos brinquedos de plástico… Será que ele vai trazer uma casinha da Polly de madeira?

Expliquei-lhe então que a fábrica do Papai Noel modernizou-se e também trabalha, no dias de hoje, com plástico. Mas a traquinas seguiu preocupada.

– Mas então o Papai Noel copia os brinquedos que vemos nas lojas? Tipo, falsifica esses brinquedos?

Publicidade

Precisei pensar alguns segundos antes de responder. E essa agora? Minha filha supunha que o Bom Velhinho promovesse a pirataria.

– Claro que não – insisti. – Ele tem todas as licenças…

● ● ●

Publicidade

No dia seguinte saímos ao comércio, eu e a Patrícia, sob pretexto de ir tratar com Papai Noel da entrega dos presentes. Ao retornarmos, fomos bombardeados por perguntas.

– Vocês falaram cara a cara com ele? – quis saber a Yasmin. – Ou foi por videoconferência, por causa da pandemia?

Respondemos ter tratado diretamente com ele, mas respeitando o distanciamento, dado que havia cordões de isolamento.

Publicidade

– E está tudo certo? – preocupou-se Ágatha. – Ele anotou nossos pedidos?

Então, decidimos fazer drama. E a Patrícia relatou que na sala de audiências do Papai Noel havia uma lâmpada suspensa por um longo cabo, interligada a sofisticados computadores, instalados no Polo Norte, que armazenam os dados e relatórios de cada criança.

– Se a lâmpada acende, é porque a criança se comportou bem e poderá receber os presentes. Mas, no caso dos arteiros, a lâmpada não acende.

E Ágatha, já em desespero:

– E acendeu para nós?????

Eu ainda teria feito mistério por mais tempo, mas a Patrícia – coração de mãe – não quis prolongar o drama.

– Claro… E, depois que as menores se afastaram, Isadora, a mais velha das gurias, veio perguntar aos sussurros: – Acendeu pra mim também, né?

● ● ●

Hora do merchandising.

Semanas atrás anunciei aqui na coluna que está para sair meu novo livro, O homem da sepultura com capacete, obra inspirada na história real do austríaco Carl Schreiner – aquele que sobreviveu aoscampos de batalha da Primeira Guerra Mundial, mas acabou perecendo, assassinado, na Sinimbu dos anos 1930, vítima de um amor proibido. A novidade é que o livro chegou da gráfica ao final da tarde desta sexta-feira e, nos próximos dias, divulgaremos aqui na Gazeta os pontos de venda. Enquanto isso, quem quiser reservar o seu e garantir um desconto especial, pode conversar comigo pelo e-mail ricardo@gazetadosul.com.br.

Eis aí – modéstia à parte – uma opção de presente de Natal para dar aos amigos que gostam de leitura. Mas não adianta só incluir o livro na cartinha ao Papai Noel. Ele não veio tratar comigo dos direitos autorais…

LEIA TODAS AS COLUNAS DE RICARDO DÜREN

Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

Share
Published by
Naiara Silveira

This website uses cookies.