Semana passada, escrevi aqui na coluna sobre um mistério de Natal que intriga nossa caçula, Ágatha: como o Papai Noel consegue descer pela chaminé? Qual a mágica que o Bom Velhinho utiliza para esgueirar-se por um espaço tão estreito? Será que ele – conforme narrei à Ágatha no ano passado – realmente consegue diminuir seu próprio tamanho, adotando aspecto semelhante ao do Pequeno Polegar? Ou será que ele – de acordo com teoria que eu, descuidado, apresentei à caçula já este ano – tem o poder da elasticidade, podendo converter-se em um imenso minhocão vermelho e de botas?
Para Ágatha, contudo, o importante é que os poderes mágicos do Papai Noel, independentemente de quais sejam, realmente funcionam. Esta semana ela teve provas disso, ao constatar que sua cartinha, com a lista de pedidos endereçados ao Bom Velhinho, simplesmente desapareceu. O mesmo ocorreu à carta escrita pela irmã um ano mais velha, Yasmin.
– Deixamos as duas cartas perto do pinheiro – relatou-me Ágatha. – No outro dia, não estavam mais lá. De algum modo, Papai Noel entrou aqui em casa à noite e levou as cartinhas.
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Por curiosidade, eu havia espiado as cartas antes que o Papai Noel as levasse. Reparei que as gurias capricharam nos adereços, ilustrando as correspondências com desenhos de árvores de Natal, renas e trenós. Tentaram passar uma boa impressão ao Bom Velhinho, considerando que ele ainda precisava avaliar, cuidadosamente, se ambas comportaram-se bem ao longo do ano.
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Mas então a caçula surgiu com mais uma dúvida, esta bem angustiante. Relatou-me ter visto uma ilustração da fábrica do Papai Noel, sediada no Polo Norte, na qual o Bom Velhinho aparecia produzindo brinquedos com ajuda dos duendes.
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– Pai, no desenho o Papai Noel tinha serrote e martelo, e fazia brinquedos de madeira. O problema é que pedimos brinquedos de plástico… Será que ele vai trazer uma casinha da Polly de madeira?
Expliquei-lhe então que a fábrica do Papai Noel modernizou-se e também trabalha, no dias de hoje, com plástico. Mas a traquinas seguiu preocupada.
– Mas então o Papai Noel copia os brinquedos que vemos nas lojas? Tipo, falsifica esses brinquedos?
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Precisei pensar alguns segundos antes de responder. E essa agora? Minha filha supunha que o Bom Velhinho promovesse a pirataria.
– Claro que não – insisti. – Ele tem todas as licenças…
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No dia seguinte saímos ao comércio, eu e a Patrícia, sob pretexto de ir tratar com Papai Noel da entrega dos presentes. Ao retornarmos, fomos bombardeados por perguntas.
– Vocês falaram cara a cara com ele? – quis saber a Yasmin. – Ou foi por videoconferência, por causa da pandemia?
Respondemos ter tratado diretamente com ele, mas respeitando o distanciamento, dado que havia cordões de isolamento.
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– E está tudo certo? – preocupou-se Ágatha. – Ele anotou nossos pedidos?
Então, decidimos fazer drama. E a Patrícia relatou que na sala de audiências do Papai Noel havia uma lâmpada suspensa por um longo cabo, interligada a sofisticados computadores, instalados no Polo Norte, que armazenam os dados e relatórios de cada criança.
– Se a lâmpada acende, é porque a criança se comportou bem e poderá receber os presentes. Mas, no caso dos arteiros, a lâmpada não acende.
E Ágatha, já em desespero:
– E acendeu para nós?????
Eu ainda teria feito mistério por mais tempo, mas a Patrícia – coração de mãe – não quis prolongar o drama.
– Claro… E, depois que as menores se afastaram, Isadora, a mais velha das gurias, veio perguntar aos sussurros: – Acendeu pra mim também, né?
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Hora do merchandising.
Semanas atrás anunciei aqui na coluna que está para sair meu novo livro, O homem da sepultura com capacete, obra inspirada na história real do austríaco Carl Schreiner – aquele que sobreviveu aoscampos de batalha da Primeira Guerra Mundial, mas acabou perecendo, assassinado, na Sinimbu dos anos 1930, vítima de um amor proibido. A novidade é que o livro chegou da gráfica ao final da tarde desta sexta-feira e, nos próximos dias, divulgaremos aqui na Gazeta os pontos de venda. Enquanto isso, quem quiser reservar o seu e garantir um desconto especial, pode conversar comigo pelo e-mail ricardo@gazetadosul.com.br.
Eis aí – modéstia à parte – uma opção de presente de Natal para dar aos amigos que gostam de leitura. Mas não adianta só incluir o livro na cartinha ao Papai Noel. Ele não veio tratar comigo dos direitos autorais…
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