A passagem de argentinos pela BR-290 durante as férias de verão costuma ser muito aguardada pelos proprietários de estabelecimentos comerciais em Pantano Grande. O município é considerado pelos turistas um dos principais pontos de parada antes de seguir viagem para o litoral brasileiro. Contudo, as expectativas dos comerciantes nesta temporada podem não ser alcançadas. A presença e o consumo dos visitantes no município estão menores em comparação ao mesmo período do ano passado, na avaliação do secretário municipal de Indústria, Comércio, Turismo, Desporto e Lazer, Mateus Silveira Luz.
“Estive conversando com donos de pousadas e hotéis, e o movimento diminuiu muito. Se não houver um aumento em fevereiro, o resultado ficará abaixo do que eles esperavam”, afirma. Luz destaca que a estada das famílias argentinas no município tem um impacto positivo para o comércio local. E por mais que haja uma diminuição de pessoas neste momento, é um importante rendimento. “Caiu, mas não está ruim, para o município é muito bom. Ainda há turistas e isso movimenta lojas, mercados, lancherias e o comércio em geral.”
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Morador do município de Porteña, na província de Córdoba, o agente bancário Luciano Pautasso, de 43 anos, viajou com a esposa Letícia, 38, e os três filhos – Bruno, 10, Francina, 7, e Ignácio, 3 – rumo à Praia dos Ingleses, em Santa Catarina. Após um trajeto de 1.150 quilômetros, chegaram a Pantano Grande no fim da tarde do dia 30 de janeiro para descansar. Na manhã seguinte, seguiram ao litoral catarinense, um trajeto de aproximadamente 600 quilômetros que pode chegar a oito horas. O objetivo era ficar dez dias em Ingleses, para depois retornar e fazer um trajeto próximo a 1,8 mil quilômetros.
Conforme Pautasso, amigos e parentes estão deixando de viajar diante das dificuldades econômicas. “Ultimamente as coisas vinham muito mal”, afirmou, destacando que ele e a esposa trabalham para alcançarem uma situação econômica minimamente satisfatória. Porém, está esperançoso com a troca de governo, após Javier Gerardo Milei ser eleito presidente e assumir o cargo em dezembro de 2023. “O governo mudou, mas parece que mudou para melhor”, avaliou. Ele espera que os argentinos que não conseguiram viajar neste início de ano, em virtude da situação econômica, possam, em breve, aproveitar o verão no litoral brasileiro.
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Satisfação
A Pousada Killian foi o ponto de parada da família Pautasso durante sua estada em Pantano Grande. Localizado na Avenida Machado de Assis, a poucos metros da BR-290, próximo a um posto de combustíveis e ao Restaurante Raabelândia, o estabelecimento se tornou uma das principais referências aos argentinos e existe há duas décadas. “Buscávamos pela internet até que uma amiga de Córdoba, que possui imobiliária na Praia dos Ingleses, nos recomendou”, afirmou Luciano Pautasso.
Na noite em que a família do agente bancário permaneceu, todos os quartos foram ocupados. A proprietária da pousada, Rosane Killian, precisou colocar no portão do local uma placa constando que estava lotado. Diante da alta procura registrada durante a temporada, acredita que o movimento deve ser igual ou melhor que no ano passado. “Vejo muita gente se queixando, mas eu não posso. Estou bem satisfeita, não tenho nada para me queixar”, comentou enquanto se preparava para receber mais uma família.
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Viagem mais econômica
Aberto desde 1959, o Restaurante Raabelândia, no quilômetro 215 da BR-290, é considerado pelos motoristas um dos principais pontos de parada de veículos. Além de trabalhar com cardápio variado – incluindo picanha na chapa, galeto ao primo canto e o favorito dos argentinos, a à la minuta –, há ainda a opção de lanches, incluindo o pastel, um dos mais populares entre os estabelecimentos de rodovia.
Durante o verão, o número de clientes aumenta cerca de 50%. Embora a quantidade tenha permanecido a mesma nesta temporada, o proprietário Tiago Trevisan Raabe acredita que os argentinos estão mais econômicos. “Não estão gastando tanto, não só com comida, mas também com estada. Eles procuram o melhor preço, o mais acessível”, afirmou.
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Prato considerado o favorito entre os argentinos, a à la minuta, servida para duas pessoas, tem sido pedida para três ou até quatro pessoas, com uma porção extra de batatas fritas. “Em anos anteriores, quando a economia deles estava melhor, chegavam entre quatro pessoas e geralmente cada um pedia um prato.”
No restaurante, os argentinos relatam as dificuldades – especialmente econômicas – para poder viajar e gastam menos durante a passagem pelo município. Diante da desvalorização do peso, muitos têm planejado melhor e buscado alternativas para reduzir os custos. Alguns também demonstram insegurança com a troca de governo no país, após Milei assumir a presidência no fim do ano passado. “Há incertezas com o novo governo. Eles falam muito que não sabem o que vai acontecer e que estão mais inseguros”, diz Raabe.
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