Nesta época de pandemia da Covid 19, vamos lembrar de um episódio que trouxe preocupação a Santa Cruz no início do século passado: um surto de varíola “importado”, que por pouco não fez muitas vítimas. O fato foi notícia no antigo jornal Kolonie e traduzido pelo saudoso professor Hardy Martin.
Em 17 de outubro de 1900, o governo do Rio Grande do Sul enviou ao município um grupo de 90 cearenses. Eles iriam trabalhar como colonos em terras devolutas na localidade de Herval de Baixo. Eram 16 casais, mais adolescentes e crianças.
Como o galpão em que morariam temporariamente não ficou pronto, o intendente Adalberto Pita Pinheiro os alojou no edifício da Câmara (Palacinho), na Praça da Bandeira. Dias depois, foram encaminhados à chácara do sr. Klafke, nos arredores da cidade, onde ficariam até serem conduzidos para Herval de Baixo.
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Logo foi constatado que alguns estavam doentes, acometidos de varíola, doença que vinha matando em várias partes do Brasil. O local do acampamento foi isolado, mas três pessoas morreram. O Estado enviou medicamentos, vacinas e o médico Amadeu Masson, para acompanhar a situação e evitar que o mal se espalhasse pela cidade.
No dia 9 de novembro, o médico publicou uma carta no Kolonie informando que a doença estava sob controle. Também disse que estava pedindo ao Estado a imediata remoção dos cearenses, pois da forma como estavam alojados poderiam ocorrer novos casos. Em dezembro de 1900, o grupo deixou Santa Cruz em direção à região serrana do Estado.
Em 1904, após um surto que provocou 3,5 mil mortes no Rio de Janeiro, o governo investiu intensamente na vacinação, o que acabou gerando muita polêmica (Revolta da Vacina). Mas o resultado foi positivo, pois desde 1980 a doença está erradicada.
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