Uma ameaça ao ecossistema que chegou ao Vale do Rio Pardo em 2021 segue como tema de estudos no Rio Grande do Sul. As palometas, espécie de piranha oriunda da bacia do Rio Uruguai, se instalaram após uma infestação que na região afetou os rios Pardo, Jacuí e Botucaraí.
Além do perigo de ataques contra humanos, por serem peixes carnívoros, as palometas podem modificar o ecossistema, já que praticamente não possuem predadores naturais na região. O extensionista da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Sanderlei Pereira, trabalhou durante as primeiras aparições dos animais nas águas dos rios Pardo e Botucaraí, que cruzam o município de Candelária. Coube à Emater acionar a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para iniciar o monitoramento dos cardumes.
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“O risco é porque são muito predadoras, podem atacar os peixes nativos e diminuir a população e até extinguir alguma espécie. Existem alguns relatos no Mato Grosso e no Paraguai de ataques a pessoas, até alguns casos de morte. Felizmente nenhum relato por aqui”, observa o extensionista da Emater.
Pereira aponta que praticamente não existem predadores no ecossistema local capazes de fazer o controle das palometas, que além de apresentarem riscos à população, afetam a pesca, já que é característica dos animais atacar peixes presos às redes que estão nos rios.
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“Os predadores delas seriam o jacaré, que nós não temos aqui, e as ariranhas, que até temos uma ou outra, mas muito poucas. É bem possível que esses predadores não deem conta do controle das palometas. Só vamos saber nos próximos anos como vai se comportar”, explica.
No Vale do Rio Pardo, pescadores do município de General Câmara foram afetados pela ação das piranhas. Diante disso, a Prefeitura conseguiu recursos para auxiliar os profissionais com R$ 1 mil por família, que foi pago em duas parcelas.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem entre suas funções monitorar os animais silvestres da fauna brasileira. Segundo o órgão, a tendência é que a presença das palometas seja permanente no Rio Jacuí e seus afluentes, como o Rio Pardo.
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O analista ambiental do Ibama, Mauricio Vieira de Souza, explica que desde 2021 existem registros da presença da espécie na Lagoa dos Patos, um avanço que já era esperado por especialistas. “Podemos dizer que a invasão encontra-se em sua fase de expansão. Desta forma espera-se que, ao longo dos anos, haja um novo equilíbrio nesses ecossistemas onde a palometa encontra-se inserida e não apresente tanto destaque em relação às demais espécies.”
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Souza destaca que existe a possibilidade de que o avanço das palometas sobre outras regiões do Estado possa ser contido e não chegue a encontrar as lagoas do Litoral Norte. “É uma situação complexa, dada a quantidade e o emaranhado de canais de irrigação existentes nas bacias dos rios Capivari e Palmares do Sul. As informações sobre o avanço das espécies circulam principalmente por meio de uma rede de informações informal via WhatsApp ou por correio eletrônico.”
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O representante do Ibama destaca ainda que informações sobre as palometas podem ser direcionadas diretamente aos órgãos de meio ambiente, inclusive das prefeituras.
Apesar de ser raro, o fenômeno das palometas não é o único a acontecer nos ambientes aquáticos do Estado. Mauricio Vieira de Souza relata que já são conhecidas invasões das espécies peixe-cachorro e peixe-porrudo, também oriundas da bacia do Rio Uruguai, à bacia do Rio Jacuí.
Da mesma forma, as carpas, que não são originárias do Brasil, podem ser encontradas nos ambientes naturais do País. O Ibama alerta ainda que, atrás apenas da extinção de ambientes, como a derrubada de florestas e a morte de rios, o fenômeno das invasões biológicas, como o avanço das palometas no Estado, é a principal causa da extinção de espécies na natureza.
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