Santa Cruz do Sul é área de risco para a transmissão de leishmaniose no Rio Grande do Sul. Para o enfrentamento desse problema, palestras foram ministradas nessa sexta-feira para chamar atenção em relação à doença, promovidas pela Secretaria de Saúde (Sesa) em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES/13ª CRS) e o Núcleo de Vigilância Hospitalar do Hospital Santa Cruz (HSC). Há duas semanas, agentes de saúde já haviam recebido capacitação para a qualificação na prevenção e combate. Além dos 143 agentes comunitários, a equipe é composta por dez agentes de endemias. O evento teve as presenças da médica infectologista da Santa Casa de Porto Alegre, Marília Severo, e da enfermeira sanitarista da SES, Sandra Cristina Deboni.
Os cães são o principal reservatório do vetor. No Brasil, o ser humano é terminal, ou seja, não passa a doença adiante como em países africanos e na Índia, por exemplo. Não existe contaminação direta, somente quando um vetor pica um indivíduo infectado e posteriormente um outro saudável. Em Santa Cruz há 15 animais positivos, espalhados pela cidade. Entre 2009 e 2014, foram 56. Em 2015, não há dados disponíveis e no ano passado, foram apenas seis casos.
No município, existem cerca de 22 mil cães em domicílios. Até o momento, humanos não foram diagnosticados. Mas, em Porto Alegre, três casos autóctones de leishmaniose visceral humana foram confirmados no primeiro semestre, todos eles com óbito. A Sesa emitiu uma nota técnica em 5 de janeiro para explicar a situação, em https://goo.gl/Zizdmv. “A literatura reforça que, quando a doença não é tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos”, alerta a enfermeira da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, Beanir Lara. Os sintomas são febre persistente por vários dias, aumento do fígado e baço (a barriga fica mais volumosa). Alguns infectados podem apresentar palidez e emagrecimento. A rede pública fornece a medicação.
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Em outubro, armadilhas serão instaladas nos pontos com casos confirmados para que se faça um inquérito sobre o comportamento dos insetos vetores. A veterinária da Vigilância Sanitária, Daniela Klafke, explica que cães não são retirados dos donos de forma compulsória para eutanásia. Os sintomas indicam a doença, mas a confirmação é feita só por exame laboratorial. “A perda de pelos perto do focinho e na ponta das orelhas, o crescimento excessivo de unhas e emagrecimento são alguns dos sintomas nos cães contaminados.” Segundo ela, a prevenção é relativa.
“Vivemos muito próximo de matas, local ideal para os mosquitos que voam baixo. Os lixões são pontos críticos também. Sempre é bom dar um destino apropriado ao lixo orgânico, deixar a grama aparada nos quintais e cobrir o adubo orgânico com terra, cal ou lonas plásticas”, recomenda.
Evitar contato com mosquito é a única prevenção
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A leishmaniose é transmitida pela picada dos flebotomíneos, insetos chamados de “mosquitos-palha” ou “cangalhinhas”. São pequenos, de cor clara e pousam de asas abertas. A transmissão acontece quando uma fêmea infectada de flebotomíneo passa o protozoário a uma vítima sem a infecção, enquanto se alimenta de seu sangue. Tais vítimas, além do homem, são vários mamíferos silvestres (preguiça, gambá, roedores, canídeos) e domésticos (cão, cavalo, etc.).
Como não há vacina, a forma de prevenção é evitar contato com o mosquito. O Ministério da Saúde orienta evitar construir casas e acampamentos perto da mata; fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde; evitar banhos de rio ou de igarapé, perto da mata; usar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença; usar mosquiteiros para dormir; usar telas protetoras em janelas e portas; e eliminar cães com diagnóstico positivo para leishmaniose visceral.
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