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Palestina Livre (Em memória de Faraj Ali – 1967-2021)

Recém-ingresso no curso de Direito, e ainda no semestre inicial, meu primeiro trabalho acadêmico tratou da criação e da destinação da Organização das Nações Unidas (ONU).

Sucedendo a fracassada Liga das Nações, a ONU foi criada em outubro de 1945, finda a Segunda Guerra Mundial. Sob o ideal de evitar futuros conflitos bélicos entre as nações, seus objetivos prometiam segurança e paz mundial, promoção dos direitos humanos e desenvolvimento socioeconômico, entre outras metas.

Nesse sentido, em 1947, em histórica demanda e aguardada deliberação, a ONU cria o Estado de Israel e o Estado da Palestina, dividindo o território que então era conhecido como o Protetorado Britânico Palestino.

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Embora aquela divisão territorial fora aceita pelos judeus, não obteve, porém, a concordância e a aceitação dos palestinos. Afinal, a divisão fora injusta e desproporcional relativamente às respectivas populações e à qualidade das terras.

Face à não superação da divergência original (inclusive, agravada em todos os sentidos), desde então sucedem-se os confrontos entre os dois povos, embora os periódicos esforços internacionais de mediação e pacificação.

Pior: as consequências humanitárias, sociais e econômicas são de extrema e dolorosa desigualdade em desfavor do povo palestino, sobrecarregando seu histórico sofrimento e comprometendo seu futuro.

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Em todo o Brasil, a comunidade palestina (e o povo do Oriente Médio, em geral) tem uma longa e ativa participação, razão de admiração, acolhimento e reconhecimento social.

Ainda que a histórica complexidade da questão do Oriente Médio enseje mais informação e conhecimento qualificado, a causa dos povos árabes, e especialmente a questão da Palestina, política e pessoalmente sempre me interessaram e sensibilizaram, desde aquele meu trabalho acadêmico.

Essas delicadas e sofridas circunstâncias históricas fazem dos palestinos cidadãos de elevado nível de conhecimento e politização. Nesse sentido, e entre tantos amigos comuns, quero destacar especialmente meu amigo Faraj Ali.

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Nossa amizade sempre teve como retoque predominante as conversas sobre questões sociais brasileiras e palestinas. Mas, para além da militância política, futebol e humor, divagávamos também sobre as demais paixões humanas.

Nossa amizade sempre teve como retoque predominante as conversas sobre questões sociais brasileiras e palestinas. Mas, para além da militância política, futebol e humor, divagávamos também sobre as demais paixões humanas.

Uma noite qualquer, ambos expondo e trocando “dores de cotovelo” sobre amores femininos extraviados, disse ele, sem esconder sua emoção e seu humanismo: “– Choro como se todas essas músicas de sofrência fossem feitas para mim!”

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