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IDEIAS E BATE-PAPO

Palavrinhas mágicas

Quando os filhos se tornam adultos, é comum fazer-se uma espécie de balanço. Ao observar o comportamento dos herdeiros, instintivamente fazemos um comparativo entre aquilo que tentamos lhes ensinar por anos a fio e o que eles passaram a usar no cotidiano.

Pais e mães praticam à exaustão o exercício da repetição. É um hábito quase insano, porém necessário. Apesar do esforço, parece que, assim que dormem, eles deletam tudo que ensinamos ou tentamos ensinar desde o despertar. Fruto dessa repetição – e já crescidos – eles costumam citar com bom humor e ironia os ditados e as frases de efeito que usamos como instrumento de convencimento.

As consagradas “palavrinhas mágicas” – como “obrigado”, “por favor”, “desculpe” e “por gentileza”, entre outras – atravessam gerações numa tentativa coletiva e atemporal de tornar os futuros adultos seres humanos educados. Ainda não tenho netos, mas posso imaginar a dificuldade dos pais na tarefa dessa “educação oral”. Os tempos modernos, do século 21, são marcados pelo uso de tablets, celulares de última geração, de inteligência artificial e da convivência com a tecnologia onipresente.

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Entre as inúmeras tarefas nesta missão diária de educar, ensinar a adoção de humildade é, de longe, a mais desafiadora. Afinal, crianças, adolescentes e até os adultos vivem em um mundo que prima pela ostentação, pela busca incessante de visibilidade através do uso das redes sociais, do reconhecimento que nem sempre envolve mérito, competência e inteligência.

As telinhas multicoloridas massivamente exibem momentos felizes que são vivenciados em lugares paradisíacos, sempre na companhia de pessoas eufóricas, saudáveis, lindas e sorridentes. Tudo parece perfeito não fossem os ilimitados recursos de melhorias que incluem o emprego de filtros, de truques de luz e manipulação de imagens graças à parafernália interminável de ferramentas para criar cenários outrora impossíveis de imaginar.

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Voltando ao desafio da educação dos filhos, o pedido de desculpas é o mais complexo e extenuante. Adepto da teoria de que é preciso dar o exemplo para fazer valer as cobranças que fazia aos meus sucessores, jamais me furtei à prática de olhar fixamente em seus olhos e sempre que necessário dizer:

– Tu me desculpa? Eu não deveria ter feito (ou dito) isso. Errei e peço que me desculpe.

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Fiz isso inúmeras vezes. E confesso que não me arrependo. Meus filhos aprenderam o ensinamento que para muitos soa pouco razoável. Isso, talvez, seja decorrência da falta de humildade que campeia mundo afora.

Ser discreto, humilde e cioso dos preceitos da boa educação é um desafio gigantesco. Mas vencê-lo constitui uma vitória que pais e mães sorvem com profunda felicidade.

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