A data especial do Dia dos Pais, comemorada recentemente, além dos encontros ou reencontros de pais e filhos, almoços festivos, presentes, pode ensejar também outras reflexões, raramente lembradas.
Apesar de muitos riscos a que estamos sujeitos, desde acidentes até o consumo de alimentos e bebidas prejudiciais, além de hábitos nocivos, como o sedentarismo, é fato que a expectativa de vida média global, inclusive no Brasil, vem aumentando significativamente ao longo do tempo. De 48 anos em 1950, atingindo 73 anos em 2019 e a expectativa é de 81 anos em 2100, conforme o relatório do Fórum Econômico Mundial, em parceria com a consultoria Mercer.
O aumento da longevidade é uma conquista de novos hábitos alimentares, de estilos de vida mais saudáveis e, principalmente, decorrentes dos avanços na área da saúde. É claro que o aumento da longevidade traz consigo desafios, principalmente na área financeira.
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À medida que avançam na idade, a partir de algum momento, os pais precisam de ajuda para locomover-se ou, até, simplesmente sobreviver dentro da própria casa ou apartamento. Nesta fase, já podem surgir problemas, principalmente quando são vários irmãos e irmãs, e um deles perceber que o encargo só cabe a ele.
Muitos irmãos, às vezes até morando perto, se recusam a ajudar no cuidado ou nos custos financeiros, alegando, por exemplo, “já que o irmão mora no imóvel dos pais, não paga aluguel, eventualmente não tem filho, não tem despesas…”, deve assumir o encargo. Não são raras as situações de conflito entre filhos cujos pais precisam de cuidados.
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Um caso, por exemplo, foi levado por duas filhas à promotoria pública pois se sentiam sobrecarregadas, tanto física e emocionalmente, quanto financeiramente para cuidar da genitora, vez que vários irmãos se omitiam. A promotora, talvez despreparada para conduzir este tipo de mediação e, certamente, vendo que a senhora idosa não corria riscos de abandono, já que as duas filhas cuidavam bem dela, simplesmente encerrou o processo para a satisfação dos demais irmãos que viram ser chancelado oficialmente seu comportamento omisso e, assim, ficarem com a consciência tranquila. Valeu aquele velho ditado de que “é mais fácil uma mãe cuidar de 9 filhos do que 9 filhos cuidarem de uma mãe”.
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Outra área importante em que a ajuda dos filhos faz-se necessária, muitas vezes, é a financeira. Com o gradual aumento da expectativa de vida, seria necessário pensar em longevidade financeira. É uma forma de planejar o futuro e se adequar a um bom padrão de vida após a aposentadoria em que surgem gastos adicionais, principalmente com a saúde.
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Na prática, entretanto, as pessoas não se preparam adequadamente, tanto assim que, de cada dez aposentados, nove tem como única fonte de renda a aposentadoria ou pensão do INSS. É por isso que pesquisa aponta que muitos não conseguirão manter o padrão de vida após a aposentadoria.
No início da vida adulta, ainda mais quando constituem família, é normal que os filhos peçam ajuda financeira aos pais para adquirir algum bem maior ou fechar as contas. Mas, pode acontecer que os pais precisem pedir dinheiro aos filhos. Para os especialistas, os pais endividados não devem esperar que a situação se torne insustentável. É preciso avaliar as opções de crédito existentes, as taxas de juros praticadas e as possibilidades reais de cada um.
Como a maior parte das pessoas não se planeja para o futuro, é possível que os pais se tornem dependentes dos filhos para viver com dignidade. Então, se ainda há tempo para encarar essa questão, quem sabe bater um papo com seus “velhos”, seguindo os passos sugeridos pelo Instituto de longevidade, em artigo de 12 de agosto de 2023, sobre o assunto:
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Neste contexto, surgiu a expressão “geração sanduíche”, utilizada para descrever um grupo de adultos que são responsáveis por cuidar tanto dos filhos quanto dos pais idosos. Ou seja, é uma geração que precisa assumir duplas responsabilidades e seus muitos desafios.
O grande problema é que, diferente do exemplo de família citado anteriormente, as famílias estão cada vez menores, havendo, portanto, menos pessoas que podem dividir as responsabilidades. Assim, acaba sendo mais necessário poder contar com a ajuda especializada, de cuidadores, por exemplo, o que requer recursos financeiros, apoio de ações públicas.
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