Por convicções pessoais, muita gente não se importa com as datas comemorativas do Dia das Mães, dos Avós, Da Mulher, Da Criança, dos Namorados e o atual Dia dos Pais. A psicóloga e escritora Magda Raupp, em artigo, diz que há muito tempo ignora esses dias especiais. Afirma ela que “se joguei fora o Dia dos Pais, guardei o pai com muito cuidado. Assim como quando a gente ganha um presente, joga fora a caixa, mas guarda o conteúdo”.
Entretanto, para a maioria, além dos encontros comemorativos, ainda limitados, é verdade, por causa da Covid-19, essas datas tem um significado especial e fazem a festa – por que não? – do comércio. Neste ano em particular, o otimismo com as vendas do Dia dos Pais aumentou entre os empresários dos setores de serviços, comércio e indústria, segundo levantamento do birô de crédito Boa Vista. Além do crescimento das vendas no e-commerce, na esteira do avanço da vacinação e da flexibilização do funcionamento dos estabelecimentos, 75% dos empresários acreditam que a demanda reprimida por compras físicas também deve gerar bons resultados no Dia dos Pais.
Muito se fala na nova mulher que, além de conquistar cada vez mais e merecidos espaços – na sociedade, nos negócios, na política, nos esportes, como a Olimpíada de Tóquio 2021 está comprovando, com metade de participantes – precisa conciliar vida pessoal e profissional. E os homens?
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Nos anos 80, um comercial de TV criou uma frase muito forte para a época e que antecipou o início de uma mudança na atuação dos pais na relação familiar: “não basta ser pai, tem que participar”. Olhando no retrovisor, são flagrantes as diferenças de ser pai em apenas três gerações, por exemplo. De pai ausente, autoritário, sisudo, limitado a provedor, o pai começou a ser mais presente e participativo. Mas, se há uma melhora no relacionamento com os filhos, o mesmo, infelizmente, ainda não acontece com as parceiras: percebe-se uma certa falta de respeito com elas, tratadas como seres inferiores, que não entendem certos assuntos e, por isso, nem são consultadas em determinadas decisões.
A pandemia causada pela Covid-19 trouxe descobertas e inúmeras adaptações a uma nova forma de vida. Os pais, por exemplo, acostumados a trabalhar fora de casa enquanto os filhos estudavam, passaram a desenvolver outras funções, profissionais e pessoais, em decorrência das mudanças do modelo de trabalho – de presencial para híbrido ou mais home office. Com as pessoas sendo obrigadas a passar mais tempo em casa, isso também alterou os hábitos dos homens que passaram a assumir papéis importantes dentro do lar.
Hoje, pais querem ir além da participação. Pesquisa do Google constatou, por exemplo, que 65% dos pais raramente ou nunca se identificam com a imagem divulgada pelas propagandas. Algumas imagens ainda retratadas e mais rejeitadas são as do pai perfeito, com papel secundário na rotina familiar e muito rígido ou autoritário. Como características que gostariam de ver nos anúncios, seriam as de pais participando dos cuidados diários dos filhos, dividindo igualmente a responsabilidade de criá-los e compartilhando as responsabilidades da casa.
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O fato é que, por imposição da pandemia, por necessidade, por entendimento ou opção, aos poucos os homens estão assumindo ou, pelo menos, dividindo tarefas domésticas que “os usos e costumes” diziam que eram de mulher. Já existem homens que, com muita tranquilidade e sem qualquer trauma de “machismo”, assumem, literalmente, o papel de “donos de casa”, cabendo à mulher o papel de provedora financeira do lar. Outros, nos casos de divórcios, compartilham a guarda de filhos menores, autorizada por lei sancionada, em 2014, que prevê a aplicação dessa modalidade de guarda, desde que ambos os pais estejam aptos a exercer o poder familiar.
Neste dia especial, não há presente maior para um pai do que ver seus filhos bem encaminhados. Vivendo numa sociedade em que se precisa do dinheiro para quase tudo, nem sempre isso é possível ou fácil. Eventualmente, é preciso “puxar no freio de mão” para rever gastos e, principalmente, controlar despesas e, assim, poder formar uma reserva financeira para enfrentar imprevistos e usufruir de uma longevidade tranquila.
O educador financeiro, autor de livros e criador da DSOP Educação Financeira, além de outras atividades, Reinaldo Domingos, sugere aos pais seguir e ensinar aos filhos 5 passos para terem uma vida financeira mais próspera, o que pode ser aplicado por outras pessoas também: 1) fazer um diagnóstico da situação financeira atual: é um raio x de como estão as finanças, o que devem, em que estão gastando dinheiro; 2) quais são os sonhos coletivos e de cada um da família: o que querem realizar, comprar? em quanto tempo? qual é o custo?, etc; 3) orçamento financeiro: substituir o antigo padrão de orçamento – receitas (-) despesas = sobra/falta – por um padrão que muda o modelo mental das pessoas : receitas (-) valor dos sonhos (-) compromissos assumidos e (-) despesas normais; 4) o valor dos sonhos que for poupado deve ser “carimbado”, quer dizer, ele deve ter uma finalidade, sob pena de ser usado para qualquer outra finalidade, às vezes apenas para atender a algum desejo; 5) o dinheiro carimbado deve ser investido em algum produto financeiro para render juros.
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Como pais, a preocupação deve ser redobrada, afinal, entre o ser pai e a sua situação financeira, existem os filhos e o seu futuro que muitas vezes, principalmente no início da atividade profissional, depende do apoio financeiro da família.
Por fim, não se pode esquecer das mães que exercem o papel de pais. Conforme dados de gênero, divulgados pelo IBGE, mais de 37% dos domicílios brasileiros são chefiados por mulheres. Nessas famílias, 90% são mulheres sem parceiros e com filhos. Para elas, o desafio é ainda maior. Entender essas transformações no perfil do pai brasileiro pode ajudar a melhorar a sociedade.
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