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Padroeira da esperança

Doze de outubro sempre foi um dia de expectativa. “Ei, o que você vai ganhar no Dia da Criança?” Pergunta entre os alunos do Grupo Escolar Alfredo Bresser – onde votei, após uma ausência de 30 anos em São Paulo – e de outros pequenos de minha existência itinerante.  Poderia dizer peregrina. Palavra associada, em 2016, à visitação de Nossa Senhora Aparecida. Pelos 300 anos, em 2017, do aparecimento da santa imagem.
A professora dizia que 12 de outubro também era o Descobrimento da América. Falava de Cristóvão Colombo e Américo Vespucio. De caravelas chamadas Santa Maria, Pinta e Nina… Meu pai se impacientava. “Nina, coisa nenhuma. O nome é Ninã. Pronuncia-se ‘Ninha’. Quer dizer ‘menina’, em espanhol. E nos discorria sobre o século XVI. Século de descobrimentos. De valentes personagens. Século de santa Teresa de Jesus, nascida em Ávila. A padroeira dos escritores espanhóis, que será festejada no próximo sábado. Em 2016, para mim, o dia 15 de outubro será de particular deslumbramento e expectativa de vida eterna. De tempo alegre e muita graça. 

Adorava o Dia da Criança. Em que nasceu Reynaldo, o bailarino de Salvador, que prometia tanto. Que talento, o dele; meu filho pelos laços do coração… morto por uma bala perdida na cidade de São Paulo, em agosto de 1989… Há momentos em que a vida nos testa, a fé nos experimenta e  o amor –  do totalmente Outro – nos conduz no colo.
Falando nisso, estive em Aparecida do Norte, semana passada. Para rezar e rever a imagem de minha Madrinha. Isso mesmo. Fui batizada na Basílica velha. Aos 28 de julho de 1956. Por um redentorista.  

Cheguei  durante a Novena.  Carreata. Cavalgada. Ciclistas. Cada dia uma coisa. Igreja lotada. Bandeirinhas.  Adquiri o segundo volume do Missal Romano, esquecido em Palmas (Tocantins), quando me mandei no toque da trombeta… Meio que na calada da noite… 

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Pois é. O sofrimento faz parte. A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida estivera a poucos passos de minha casa, no Alto de Pinheiros, em Sampa. Fui pagar a visita. 

Hospedei-me em uma pousada. Gente boa. Robson; o seu pai Ribamar – nascido em Codó, no Maranhão, metalúrgico aposentado; a mãe toda sorrisos… Pousada Rabake é o nome… Fui peregrinar. O filme biográfico de minha vida… A preparação para o dia 15 de outubro de 2016… O casamento com o Infinito… Busquei minha certidão de batismo… Para minha surpresa, o padre vive! Fui vê-lo, no Convento dos Redentoristas. Conversamos, emocionamo-nos. Sessenta anos nos juntavam para sempre… 

Sutilezas de Nossa Senhora. O velho sacerdote missionário de quase 91 outubros – padre Waldemar Beltrame – é gaúcho. Outra coincidência para lá de feliz, em minha biografia. Por isso eu canto. “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida. Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida.” Quem não concorda que Deus é a Infinita Surpresa, minha gente?!  

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