As alterações no sabor e cheiro da água têm elevado as reclamações entre os santa-cruzenses. Tornaram-se mais frequentes os relatos de procura por atendimento nas unidades de saúde. A Corsan, por sua vez, voltou a descartar riscos para os consumidores.
Uma das pessoas que apresentaram mal-estar foi a moradora do Bairro Avenida Claudia Jungblut, de 62 anos. Ela contou que sua casa teve o fornecimento de água interrompido por um período no dia 5 de novembro. Ao retornar para as torneiras no dia seguinte, o líquido apresentou um cheiro diferente. “Nós compramos água mineral para beber, mas precisamos utilizar a água que vem das torneiras para tomar banho e cozinhar. Não tem como evitar”, afirmou.
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Após o contato com a água, Claudia começou a sentir tonturas e náuseas na quinta-feira passada, 14, sintomas que se agravaram no domingo. Apresentou ainda pressão alta, por ser hipertensa. Procurou atendimento na UPA central, mas não conseguiu se manter medicada devido aos vômitos contínuos.
“Estou muito tonta, não consigo me movimentar nem trabalhar há dois dias. Esse problema vai continuar até quando?”, questionou a moradora do Avenida. Ela acrescentou que outras pessoas da sua vizinhança também tiveram sintomas semelhantes.
A supervisora médica da atenção básica e médica da UBS Clementina Martini, Clauceane Venzke Zell, informou que nas últimas três semanas houve um aumento da demanda por consultas. “Vários pacientes relataram sintomas de desconforto gastrointestinal, que, segundo eles, iniciaram após a ingestão de água”, declarou. O aumento de atendimentos teria acontecido em todas as unidades básicas de saúde e em todos os plantões (UPA Esmeralda, UPA Central, Hospitalzinho e PA do Hospital Santa Cruz).
Segundo Clauceane, a queixa diz respeito ao gosto ruim e, em alguns locais, à mudança de coloração da água. Os principais sintomas verificados são diarreia, dor abdominal, náuseas e vômitos. Inclusive, a maioria das pessoas tem apresentado sintomas mais prolongados, que às vezes chegam a perdurar por 14 ou até 20 dias.
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Conforme a profissional, existe um aumento dos quadros de gastroenterite na chegada do verão, mas desta vez a característica tem sido diferente. “São casos que englobam a cidade como um todo, não um bairro específico ou localidade específica. São casos de toda a comunidade em diversos locais”, salientou.
Para diminuir a chance de contaminação por algum agente causador de quadro infeccioso ou evitar o agravamento da situação por pessoas que já estejam com sintomas, Clauceane recomenda a utilização de água filtrada ou fervida.
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O Ministério Público confirmou nessa terça-feira, 19, que instaurou investigação específica a respeito do mau cheiro, odor e coloração da água em Santa Cruz do Sul. Segundo o promotor Érico Barin, na semana passada, quando o problema apareceu pela primeira vez, a representação local da Corsan/Aegea foi procurada e assegurou uma solução.
No entanto, o assunto seguiu repercutindo entre a comunidade, inclusive com manifestações na Câmara de Vereadores. “Então, fizemos novos contatos, agora também com a diretoria estadual da Corsan/Aegea, cobrando imediata solução e medidas que previnam a repetição do problema. Instaurarmos investigação específica a respeito”, explicou.
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Em resposta ao MP, a empresa repetiu que a alteração foi causada por algas, mas pode ter outras causas e assegurou que a água está própria para o consumo. “Não havendo a solução imediata do problema, o MP deverá ajuizar ação civil pública contra a Corsan, postulando ao Judiciário a fixação de obrigações de resolver o problema e evitar sua repetição, além de condenação ao pagamento de indenização (multa) por eventuais danos à população”, completou o promotor.
Procurada pela Gazeta do Sul, a Corsan voltou a dizer que houve proliferação de algas no Lago Prefeito Telmo Kirst devido ao aumento das temperaturas, e que diante disso fez ajustes nos processos de tratamento da água. Também esclareceu que não há risco no consumo. “O tratamento foi ajustado com a dosagem de carvão ativado, utilizado para adequar o sabor e odor. Além disso, a Companhia passará a aplicar no lago um produto que não é nocivo ao meio ambiente para inibir a proliferação de algas”, informou. Segundo a nota, são realizados mais de 500 testes diários de amostras de água coletadas em Santa Cruz para assegurar a potabilidade. “A Corsan ressalta que a água captada em rios, arroios ou barragens para abastecer a população passa por rigoroso tratamento antes de ser distribuída para consumo.” A Companhia informou que tem competência técnica reconhecida pela certificação ISO 17.025, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Isso representa a garantia de qualidade da água oferecida. A Corsan reforçou que segue à disposição dos clientes para esclarecimentos.
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