Entre os impactos causados pela pandemia, os tratamentos contra o câncer tiveram que ser adaptados ao período, uma vez que os pacientes em acompanhamento fazem parte do grupo de risco da Covid-19. Uma das preocupações é que algumas pessoas abandonem a terapêutica ou deixem de realizar os exames de rotina por medo da contaminação, o que pode gerar outros problemas.
A falta de assistência adequada pode agravar o quadro do paciente com câncer, de acordo com a oncologista clínica Sheila Calleari Marquetto. Para a médica, que atende no Centro Médico de Especialidades e no Centro de Oncologia Integrado do Hospital Ana Nery, quem está em tratamento recebe um acompanhamento médico mais frequente do que nas demais especialidades.
“Mesmo em meio à pandemia, reforçamos que é importantíssimo que se mantenham em tratamento e não deixem de comparecer às consultas. A pandemia pegou a todos de surpresa, e nos hospitais e centros de saúde não foi diferente”, conta. De acordo com Sheila, a equipe seguiu as orientações do Ministério da Saúde e analisou individualmente, caso a caso, os fatores de risco que cada paciente tinha em relação ao coronavírus.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Hospital Ana Nery recebe R$ 850 mil em emenda parlamentar
Algumas consultas de acompanhamento foram postergadas, processos internos do Centro de Oncologia foram revisados e, respeitando todas as medidas de segurança, os atendimentos foram normalizados. “O que temos percebido é que o próprio paciente, que está apenas em acompanhamento e não mais em tratamento, principalmente aqueles com mais de 80 anos, muitas vezes solicitam adiamento da consulta”, observa a médica.
Ela reforça que as equipes assistenciais estão preparadas, tomando todos os cuidados e seguindo as orientações atuais de higiene para a prestação de atendimento. “No setor de quimioterapia do Hospital Ana Nery, por exemplo, passamos a atender consultas com horário marcado para evitar aglomeração, dividimos a sala de espera em dois locais, distanciamos as poltronas e estamos mantendo os ambientes ventilados”, explica. O uso de máscaras é obrigatório, há álcool em gel disponível em todos os ambientes e a higienização das áreas foi intensificada.
Publicidade
Diagnóstico tardio pode ser prejudicial
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 625 mil casos novos de câncer no Brasil somente em 2020. Mas, desde o início da pandemia, houve uma grande redução no número de atendimentos de pacientes. Estima-se que de 50 a 90 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com a doença, segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e da Sociedade Brasileira de Patologia.
LEIA TAMBÉM: Projeto leva autoestima e apoio a pacientes com câncer
Segundo a oncologista Sheila Marquetto, quando o câncer é diagnosticado em uma fase inicial, as chances de cura são muito maiores. Se os pacientes deixarem de fazer seus exames preventivos e de rotina, que servem para diagnosticar previamente problemas de saúde, incluindo um eventual tumor em fase inicial, podem perder a chance de se curar.
“Existe um receio que, ao passar a pandemia, os pacientes que adiaram exames preventivos e de rotina farão isso em um mesmo momento, o que poderá acarretar aumento de diagnósticos de câncer ou doenças crônicas”, afirma. Segundo ela, isso pode levar a uma sobrecarga do sistema de saúde e inclusive atrasar o início do tratamento, principalmente se for feito pelo Sistema único de Saúde (SUS). Portanto, pacientes já diagnosticados devem manter seus exames em dia, conforme a solicitação de seu médico.
Publicidade
LEIA MAIS: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA SOBRE O CORONAVÍRUS
This website uses cookies.