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Outros países, outros costumes

Sempre que vivencio a vida coletiva, aqui na Alemanha, me deparo com os modos diferentes de organização. Certa vez, conversando com meu professor de Cultura Alemã, estávamos tecendo considerações sobre diferenças entre Alemanha e Brasil.

Quando falávamos sobre criminalidade e corrupção, pareceu-nos que a diferença não reside no ser humano ser melhor ou pior aqui ou no Brasil, mas antes teria a ver com uma maior ou menor consciência cidadã coletivamente existente, ou melhor falando, com maior ou menor observância às regras, com o caráter de cada ser humano. Corrupção há em ambos os países. No entanto, se aqui na Alemanha um político é flagrado, pode dar adeus à vida pública; o povo não o reelegerá. E criminalidade de toda ordem existe também aqui. Com a diferença de que, quem incorre num ato criminoso, precisa contar com a grande probabilidade de ser penalizado pelo crime cometido.

Por falar em regramento da vida coletiva, as regras para o trânsito de pedestres e de veículos são, em geral, obedecidas. Carros param ao menor sinal de o pedestre querer atravessar a rua numa Zebrastreife (faixa para pedestres), e os sinais dos Ampeln (semáforos) são, em grande medida, respeitados. Conheço casos em que se tentou atravessar com sinal fechado, mesmo em rua sem carros vindos, e ter sido flagrado e multado por isso.

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O domingo continua sagrado para o descanso. Mercados não abrem. Apenas estabelecimentos essenciais à coletividade ou para o turismo e lazer. Também os horários de sossego são sagrados. Tanto nos finais de semana quanto na hora do meio-dia e de noite. Se você for cortar grama em algum desses horários, ou fizer barulho, possivelmente terá problemas com a lei. Cachorro é animal de estimação e não guardião do pátio. De modo que, de noite, ele tem o lugar de dormir resguardado, para não precisar latir.

Por falar em organização da vida coletiva, também aqui existe um crescente cuidado para minimizar agentes poluidores. Foguetório, somente com licença da prefeitura. Você está com vontade de soltar uns foguetes? Então se prepare para entrar com um pedido por escrito no setor público municipal, explicando motivo, horário e local para o evento. Você também terá de pagar pelo pedido formulado. Os agentes públicos analisarão o pedido e podem negar ou conceder a autorização. Somente com um pedido deferido você poderá comprar artefatos para foguetório. Do outro lado, a loja credenciada para isso somente poderá vender foguetes mediante a apresentação do documento da liberação fornecido pela prefeitura. A loja precisa reter a autorização e prestar contas para o poder público. Foguetório liberado, somente na entrada do ano novo.

Diferente do nosso modo de viver, em que reinam espontaneidade e menos observância às regras, por aqui é tudo minuciosamente planejado e regrado e, em grande medida, observado. Por vezes me pego sonhando com um mundo em que houvesse um misto entre esses dois modos de vida coletiva. Mas isso é minha utopia.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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