Gazeta – O senhor diz que optou por concorrer com um grupo pequeno de partidos para evitar loteamento de cargos. Porém, dificilmente vai ter maioria na Câmara. Não vai se ver obrigado a negociar?
Sérgio – Tenho certeza que vou ter que negociar. Aliás, negociar não seria a palavra correta, e sim compor. É muito mais fácil compor com dois ou três vereadores do que com um partido inteiro, porque aí vem o genro, a sogra, o marido, todo mundo para dentro do governo e não tem lugar para os técnicos. É isso que me preocupa.
Gazeta – Mas os partidos que lhe apoiam dispõem de nomes com esse perfil?
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Sérgio – Alguns, sim. Mas eu já estive conversando com o pessoal da Unisc e disse que vou ir lá buscar gente para o meu secretariado. Também quero buscar gente entre os empresários e em todos os setores. Então estou admitindo que possivelmente não vou ter (nos partidos) o quadro que estou pensando. Mas isso não é problema, vamos buscar fora.
Gazeta – Muitos se preocupam que, com uma vitória sua, a região perderia representatividade no Congresso Nacional. Como o senhor responde a isso?
Sérgio – Não preciso ser deputado para fazer os movimentos que faço no Congresso. Graças a Deus, eu abri muitas portas dentro do Congresso e dos ministérios. O ministro Eliseu Padilha, que é o segundo homem mais forte do País hoje, é um amigo pessoal. O próprio Michel Temer foi meu colega, veio aqui em Santa Cruz e se comprometeu com a questão do fumo. Então, como prefeito, com a bagagem e conhecimento que tenho, te dou certeza que continuo tendo voz nas comissões. Acho que continuo ajudando da mesma maneira.
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Gazeta – O senhor falou recentemente que pode municipalizar os serviços de saneamento. Por que isso é o melhor caminho?
Sérgio – Não afirmei que vou fazer, o que eu disse foi que temos pensado a respeito disso. É claro que, antes de fazer, vou conversar com as forças vivas da comunidade. Vera Cruz é municipalizado, Porto Alegre é municipalizado. Agora, do jeito que está, esse contrato que é uma ação entre amigos do atual prefeito com a Corsan, pode ter certeza que não vai continuar. Nós vamos pôr a mão nisso. Ou a Corsan cumpre ou sai. Vamos agir com pulso muito firme.
Gazeta – Mas há argumentos para interromper esse contrato?
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Sérgio – O contrato não diz quais obras a Corsan tem que fazer e nem os prazos. É um contrato do tipo “cumpra se quiser”. Tanto que o próprio prefeito está descontente, embora para mim seja um teatrinho já amarrado lá em cima para ganhar voto e depois reatar o romance. Mas comigo não tem isso. Comigo, se cumpriu, tá tudo certo, e se não cumpriu, rua daqui. Então, acho que não vai ter muito espaço para eu e a Corsan sobrevivermos dentro de Santa Cruz. Ou sai a Corsan ou saio eu.
Gazeta – Hoje, faltam cerca de 700 vagas na educação infantil do município. Como reverter isso?
Sérgio – Nos últimos 20 anos, foram construídas cinco creches em Santa Cruz. Todas pelo PTB. Mesmo as que foram inauguradas agora, foram deixadas pelo governo Kelly. Então, é desse jeito que vamos continuar trabalhando. O povo pode ter certeza que não me assusto com isso.
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Gazeta – O caminho mais eficiente é buscar recursos fora ou fazer convênios?
Sérgio – Os dois caminhos. Mas o mais urgente é através das cooperativas. Temos feito diversas reuniões em bairros e já estamos nos organizando para criar as cooperativadas.
Gazeta – A sua maior obra foi o autódromo. Agora, o senhor propõe um kartódromo. Com tantas demandas em áreas essenciais, não teme que uma obra dessas possa ser questionada?
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Sérgio – Mas não estamos dizendo que isso é a prioridade. Tudo é prioridade. O dinheiro da saúde é dinheiro da saúde. O dinheiro da educação é dinheiro da educação. O que eu não posso é ir no Ministério do Esporte, pegar dinheiro para construir um campo de futebol e no caminho desistir e comprar remédio. Isso é o que o povo tem que entender.
Gazeta – O senhor já defendeu que a Oktoberfest seja levada para o Parque de Eventos. Se for eleito, vai levantar esse debate?
Sérgio – A Oktober tem que ir lá para fora. Mas isso só vai acontecer o dia que a comunidade aceitar. E infelizmente, o atual prefeito repassou a parte nobre do Parque de Eventos para terceiros, cometendo um crime bárbaro. Mas a Oktoberfest vai para lá. Um dia vai, porque o Centro não comporta mais. Mas não sou eu que vou chegar e decidir isso sozinho.
Gazeta – No seu plano, consta a criação de uma Secretaria do Esporte. O que tem em mente em termos de reforma administrativa?
Sérgio – Algumas coisas. A Secretaria do Esporte tem que ter. Nós temos tudo para fazer de Santa Cruz um polo turístico de esporte. E essa secretaria não pode ser a mesma que cuida da Guarda Municipal. Tem que ter um secretário exclusivo para isso.
Gazeta – Como o senhor pretende fazer para manter uma boa relação com o funcionalismo?
Sérgio – Primeiro, lembrando eles que quem criou o plano de carreira fui eu. Lembrando eles que fui eu quem deu os maiores aumentos no vale-refeição. Lembrando eles que peguei uma Prefeitura com seis meses de vale-refeição atrasado e repus esse valor sem reclamar. Lembrando eles que nunca atrasei um salário e sempre adiantei o 13º. Agora, o atual prefeito fala isso como se fosse uma grande coisa, mas todos os prefeitos adiantaram. Então, vamos manter diálogo com eles. Gosto muito dos funcionários. Sempre me dirijo a eles como colegas de trabalho.
Gazeta – No seu plano, o senhor fala em resolver os problemas de congestionamento no Distrito Industrial e no trevo da Unisc. Como pretende fazer isso?
Sérgio – Vamos ter que fazer obras. Não se faz trânsito com tinta e pincel. No Distrito, tem que ter ou um viaduto ou um túnel, ou criar um anel. Alguma coisa tem que ser feita, e eu vou fazer. E na Unisc também.
Gazeta – 2016 é o ano mais violento da história de Santa Cruz. Como a Prefeitura pode contribuir?
Sérgio – Quem começou a colocar câmeras de monitoramento na cidade foi o PTB. E nós compramos, enquanto o prefeito que está aí locou. Então, temos que comprar mais equipamentos e interligá-los com a polícia, porque hoje a maioria não está interligada, elas servem apenas para buscar uma imagem depois que o crime já aconteceu. A boa política de segurança é prevenir. Temos também que melhorar a Guarda Municipal, dando um pouco mais de poder de polícia, e manter os convênios que eu tinha com a Brigada Militar.
Gazeta – Com a inauguração da UPA, o que passa a ser prioridade em saúde?
Sérgio – A UPA ficou fechada quase dois anos por pura incompetência. Não sabiam o que fazer. E a prova é que chamaram o Hospital Ana Nery para tocar a UPA e também o Hospitalzinho, que eu construí. É claro que a UPA está em boas mãos com o Ana Nery, mas o pecado foi o tempo que ficou parada. Mas ninguém fala de saúde em Santa Cruz com mais autoridade do que Sérgio Moraes. Eu criei o Cemai, a UTI pediátrica, o Hospitalzinho, 11 postos de saúde, paguei em dia os hospitais.
Gazeta – Mas a UPA e o Hospitalzinho vão continuar sob gestão do Ana Nery?
Sérgio – Tem que se adequar ao meu sistema e à minha maneira. Por exemplo, já não tem mais plantão pediátrico 24 horas. Eu já avisei a direção do hospital que, se eu ganhar a eleição, no dia 2 de janeiro tem que ter médico pediatra 24 horas lá. Isso é questão de honra para mim.
Gazeta – Como conciliar a preservação do Cinturão Verde com a expansão do setor imobiliário?
Sérgio – O Cinturão Verde é hoje uma fachada. Só existe onde não tem como construir, que é nos barrancos e nas encostas. Onde dava para construir, já acabou. E sabe por quê? Porque as imobiliárias têm uma relação muito forte com o governo que está aí. É uma ação entre amigos e dê-lhe motosserra. Temos que chegar lá e dar uma freada. Existem outros espaços para crescer sem agredir o Cinturão Verde.
Gazeta – Atualmente a vice-prefeita ocupa uma secretaria. Qual vai ser o papel do vice no seu governo?
Sérgio – De vice-prefeito. Ele não está concorrendo a secretário. Vai fazer o papel para o qual está concorrendo.
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