Praticamente todos os dias recebemos informações sobre alguma novidade tecnológica. É tanto avanço que, parece, nos tornamos cada vez mais perdidos diante de tanta modernidade. Mas, por outro lado, vemos um movimento crescente de pessoas aficionadas em objetos do passado, que gastam até uma pequena fortuna para ter em sua coleção esta ou aquela relíquia. É o prazer de voltar ao passado com as lembranças que uma simples tampinha de garrafa com a foto do seu ídolo no futebol do passado ou uma eletrola trazem às pessoas.
A região tem uma riqueza incomum de espaços com relíquias raras, e que grande parte da população desconhece. E não se trata do material que está com os colecionadores particulares, muito bem cuidados, por sinal. Mas sim dos museus, arquivos, igrejas, prédios antigos e outros espaços. Embora muitos desses locais ainda tenham restrições de acesso por causa da pandemia do novo coronavírus, é possível fazer boas viagens ao passado sem andar muito longe. E um bom momento para começar a fazer algum roteiro é agora, quando estamos na 19ª Semana Nacional dos Museus (de 17 a 23 de maio).
As visitas a museus e outros lugares que guardam a memória do passado ainda não são comuns no Brasil, diferente de alguns países europeus e dos Estados Unidos da América. Esses espaços nos permitem muitas descobertas. Vejam o exemplo das duas igrejas de Sinimbu, objeto de pesquisa do arquiteto e professor da Unisc, Ronaldo Wink. A série de matérias da Gazeta do Sul na semana passada mostrou apenas alguns dos aspectos dos dois templos. Vale conhecer as obras com um tempinho para observar desde o piso de rara beleza aos vitrais com imagens coloridas e todos os detalhes da construção, tanto no lado interno como externo. Interessante lembrar que as estruturas foram erguidas em um período em que não havia as facilidades tecnológicas de hoje.
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Mas tratar sobre o passado na região não é possível sem lembrar de Rio Pardo. Lá não encontramos apenas os objetos mais antigos guardados em museus da região, como podemos conhecer algo mais pelas histórias das pessoas. Saudades das irmãs Panatieri, quando ainda eram donas do Solar dos Panatieri, construído em 1798, e onde chegou a se hospedar Dom Pedro II em 1865. Durante algum tempo o local abrigou um espaço cultural, com exposições, saraus musicais e de literatura e acervo. Mas valia passar um dia apenas para ouvir as histórias das filhas de Luciano Raul Panatieri, um dos primeiros médicos negros do Rio Grande do Sul. Foram elas, por exemplo, que me explicaram a origem e o verdadeiro significado do termo “sem eira nem beira”.
A pandemia do novo coronavírus, que persiste há mais de um ano, nos privou de viagens mais distantes, para conhecer e desfrutar de novos lugares. Porém, abriu a possibilidade de descobrir riquezas que estão bem perto, ao nosso alcance, sem muito risco. Viajar ao passado, ao contrário do que muitos pensam, não é regredir. Mas sim conhecer e valorizar os alicerces do que ainda estamos construindo hoje. Então, nada melhor que visitar o rico acervo que existe nos museus de Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Candelária e outros municípios. Da mesma forma, vale observar e buscar informações sobre os prédios históricos de Rio Pardo e da vila histórica de Santo Amaro do Sul (General Câmara), as tantas igrejas na região e tantos outros pontos que permitem vários roteiros ao passado. E, se houver a companhia de guias ou pessoas da cidades, com bom conhecimento dos locais, melhor ainda. Vai ser uma aventura de muito proveito.
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