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Otto Tesche: ônus e bônus do pedágio

Coincidência ou não, a assinatura do contrato com a nova concessionária da RSC-287 acontece na semana de homenagens a São Cristóvão (24 de julho), padroeiro dos motoristas, e no período em que tradicionalmente há um pequeno recesso escolar. E, nesta época, algumas famílias aproveitam para pegar a estrada, em tempos normais. A Sacyr será a terceira empresa a assumir a manutenção e as melhorias na principal via que corta a região. As primeiras duas experiências deixaram a desejar para muitos usuários. E, agora, pelas obras previstas, há grande expectativa sobre o futuro do trecho.

Andar em rodovia com asfalto no Estado até a década de 1970 não era muito comum, pela pouca extensão existente. Mas as vias eram impecáveis. E, enquanto a malha viária pavimentada cresceu muito de lá para cá, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) foi sucateando, e os problemas de manutenção só aumentaram nas estradas. Ao mesmo tempo, o número de veículos cresceu muitas e muitas vezes, a capacidade de carga dos caminhões também, e não houve investimento para reforçar a estrutura das pistas e de apoio aos motoristas.

O Rio Grande do Sul apresenta enormes deficiências em todo o sistema de escoamento da produção. A maioria das estradas é mal cuidada. Os trechos com duplicação são irrisórios diante do grande número de veículos. Há décadas não existe qualquer expansão no sistema ferroviário, e os rios são muito pouco explorados diante do potencial. Com isso, a maior parte da nossa produção é escoada via asfalto, assim como ocorre com o deslocamento das pessoas.

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A incapacidade do Estado em manter as estradas em boas condições levou o governo a fazer contratos de concessão na década de 90. Mas logo na primeira experiência, bastou uma troca de governo para haver questionamentos e mudanças nos contratos. Depois, o governo gaúcho criou uma estatal para assumir a responsabilidade pela manutenção das rodovias. Muitos problemas apareceram logo no início, desde deficiências para o socorro, e com muitas reclamações sobre as condições das estradas.

O pagamento de pedágio para trafegar pelas rodovias nunca obteve apoio consensual. Afinal, os donos de veículos já pagam todos os anos o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e muitos outros tributos. E a tarifa impacta no valor das passagens dos ônibus, frete e outros custos. Mas, por outro lado, as estradas pedagiadas representam atualmente maior segurança e se tornaram a saída do Estado para adequar a estrutura viária às exigências na área dos transportes.

Os usuários de rodovias que alguma vez ficaram empenhados em uma viagem por causa de danos provocados pelas crateras, acidente ou outros contratempos sabem o drama que é ficar desassistido. Atualmente, uma série da fatores leva as pessoas a pensarem duas, três ou mais vezes antes de começar qualquer viagem. Mas há aqueles que precisam pegar a estrada por questões profissionais. E aí, é confiar em São Cristóvão.

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Por se tratar de uma via de intenso tráfego, ligando a Grande Porto Alegre com o Centro do Estado, a RSC-287 está muitos anos atrasada nas obras para melhorar as condições de tráfego e atendimento eficaz aos usuários. Não são poucos os desafios da nova concessionária. Tudo o que se espera é que a execução do plano de serviços ocorra dentro do cronograma previsto e, quem sabe, até com antecedência. Isso vai fazer o valor da tarifa de pedágio doer menos no bolso. E ainda eliminará um dos grandes gargalos para o desenvolvimento da região.

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